quinta-feira, 22 de agosto de 2013

"Como é que sabemos que chegou ao fim?!

The best is yet to come
"Como é que sabemos que chegou ao fim?!
Esta foi a questão que me colocou um condutor na África do Sul, casado com 2 mulheres.
Parece irónico a questão ser colocada a uma mulher solteira, ainda que faça sentido que o fato de ser solteira determine que algumas relações tiveram o seu fim.
Às vezes pareço tão assertiva nas respostas que dou, que ninguém imagina as dúvidas que residem na minha alma.
A questão veio depois de eu ter dito que preservo a minha intimidade no que diz respeito a relações e que assumir que tenho alguém é para mim, um passo que não dou levianamente. Não coloco regularmente fotos com rapazes e não publico o meu estado civil nas redes sociais, a não ser que um dia se justificasse, mas a mim basta-me que eu saiba o que existe e o que é importante.
O respeito não vem daí, mas é uma forma de evitar futuros mal entendidos. O fato de medir bem os meus passos não indica, nem por sombras que tenha a solução radical para um dúvida existencial, indica apenas que a minha experiência aliada aquilo que vejo acontecer à minha volta, me levou a ser assim.
Disse-lhe apenas que as relações terminam quando no balanço, as discussões começam a ser mais que os bons momentos, quando a felicidade não está na partilha com o outro, mas sim em tantas outras coisas que acabam por distanciar as pessoas.
Terminar uma relação não significa que se tenha deixado de gostar, mas admitir que existem circunstâncias que não são contornáveis. Lembro-me perfeitamente quando disse ao meu primeiro namorado que não podíamos continuar a tentar ter uma relação, porque o conhecia bem demais para ser feliz sabendo que a fidelidade não faria parte da relação. Lembro-me também que não deixei de gostar dele, apenas precisei de tomar uma atitude que me fosse benéfica naquela altura. Por vezes esgotam-se o recursos que podiam alimentar a felicidade a dois e gostar não chega. Quando esse momento chega, a gente sente-o.

"Mas e como se deixa a outra pessoa?!" foi a questão que se seguiu.
Aí respondi-lhe qual era a mulher que ele estava a pensar deixar e quais a razões? 
Hesitante ele disse-me que não pensava deixar nenhuma, mas pela história que contou a seguir era notório que uma das mulheres não era alvo do seu interesse, mas sim do seu receio. Os filhos, as ameaças, o medo de ser assertivo arrastam por tempo indeterminado o momento de dizer "não dá mais".
Terminei algumas relações, umas com mais firmeza do que outras. Tenho normalmente a política de que é necessária uma conversa aberta, mas confesso que demorei anos a terminar de vez com a relação que mais de fez sofrer e que notoriamente não me levaria a parte alguma. Teimosia, falta de experiência, falta de coragem... um dia, ainda que tarde, terminou e restam apenas as lembranças que nunca serão apagadas nem pela relação mais perfeita de todas. 
No dia em que percebemos que não podemos ter o melhor de 2 mundos e que não podemos chegar mais baixo, sabemos que é altura de parar e fazer o caminho de volta. Fácil não é, mas esse dia chega, foi o que lhe disse. Disse-lhe também que ele podia saber isso, se na altura de deixar uma casa e ir para a outra as emoções fossem completamente distintas. O entusiasmo não pode ser o mesmo e a resposta foi-lhe óbvia. Depois disse-lhe que todas as pessoas merecem ter do seu lado alguém que lhes dê o amor que dão em troca, que todos temos direito à felicidade e que arrastar situações por medo é tardar aquilo que está destinado.
Agora, neste preciso momento, gostaria eu de ter a resposta para a primeira questão "Como sabemos que chegou ao fim, quando não há fim?! "
Tantas coisas mudam ao longo dos anos, mas percebi recentemente que existem paixões que se acendem de cada vez que os olhares se cruzam, que ainda que o tempo e a vida nos separe, as nossas lembranças continuam lá e o desejo não se apaga, apenas se esconde porque o relógio não pára e a vida tem de ser vivida. 
Há coisas que não terminam, apenas se distanciam temporariamente para que de cada vez que se reencontram, seja especial, único, intenso. 
É certo?! É benéfico?! Não tenho resposta... assim como não sei como se termina algo assim.
Só sei que não me arrependo nem por um segundo de viver cada momento e de imaginar o próximo. Junto os momentos e sei hoje que nunca vivi nada tão intenso. Talvez um dia termine, talvez não volte a acontecer.
Só o futuro o dirá e sei que quando esse momento chegar, eu vou saber! 

Escrito a ouvir: Melanie Fiona - Gone and Never Coming Back