quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Angel of Hell

(respectivamente)

No final do ano passado, fui com uma amiga a uma galeria em Lisboa.
Ao entrar naquele atelier acolhedor e recheado de pinturas que maravilhavam os meus olhos, deparei-me com o "Angel of Hell". Aquele instante foi arrebatador, apenas num olhar, tive a certeza que aquele seria o quadro que gostaria de comprar. Vi outros bonitos, aliás muito bonitos, mas aquele era de facto, "O Tal". Com aquele vermelho e os cristais swarovski espalhados a darem um brilho singular à tela. Algo que nenhuma foto poderá "retratar" na perfeição.
Enquanto a minha amiga tentava escolher, eu aventurei-me em perguntas sobre o quadro, pois cada pintura tem uma história e essa história vai-se subdividindo pelas inúmeras histórias das pessoas que a vêem e que adaptam a essa história, a sua própria. O anjo 'fugidio' baseado em "Ganymede" de Antonio Allegri Correggio (1489-1534), tinha para mim muitos outros significados, tão pessoais...
Na altura comentei com o pintor, que se tivesses possibilidade, compraria aquele quadro, mas "faltavam-me as paredes!", ao que o pintor me respondeu "eu primeiro tive os quadros e só depois as paredes."
Não comprei o quadro na altura, passei a ter "as paredes", embora vazias e um dia, depois de ter pensado naquele quadro durante vários meses, voltei ao site do pintor e além de todas as coincidências que o quadro tinha para mim, em numeração, estava exactamente na posição correspondente ao dia do meu aniversário.

'Tinha mesmo de ser meu!', pensei.

Tentei contactar o pintor, mas sem muito espanto, embora com alguma tristeza, o quadro já tinha sido vendido.
Eu tinha começado a trabalhar no mês em que fui à galeria e aquela visão do pintor, no momento, pareceu-me acertada para um artista. Mas hoje, compreendo plenamente que ter um quadro antes de ter "as paredes", não é apenas para um artista, mas para alguém que se apaixona verdadeiramente por algo e que por deixar passar aquele instante, acaba por perder a oportunidade de ter algo tão precioso.

Tem tudo a ver com paixões e o poder que elas exercem sobre nós...

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