Santa Teresa - RJ - Março 2011 |
A caminho de casa hoje à noite, deparei-me com algo que já não imaginava ser possível e que nos dias de hoje ganha uma beleza ainda mais extraordinária, o namoro à janela como antigamente.
Um rapaz na rua a mexer-se nervosamente de um lado para o outro, mas sempre com o olhar na direcção da janela e a menina, com um sorriso na cara que alternava entre a felicidade e a timidez, a olhar para o rapaz. Imagino a conversa deles e de repente deixo-me levar pela lembrança de um jantar em casa dos avós de um amigo meu, por quem eu era apaixonada.
Depois de algum tempo a conversar com o avô dele, ele perguntou-me:
-E vocês, como se conheceram? - referindo-se à forma como eu havia conhecido o neto dele.
Percebi de imediato que ele achava que éramos namorados, mas o seu olhar terno na nossa direcção fez-me ter ainda mais vontade de o ser na realidade... não me recordo o que lhe respondi, mas certamente a verdade, que nesta história pouco importa, pois não teve um final feliz. Importa sim, que ele me disse:
-Sabe, eu conheci a minha mulher na janela de casa dela. Eu passava lá sempre e a primeira vez que a vi fiquei apaixonado. Todos os dias que lá passava, pensava "como gostava de a conhecer!". Apesar de alguma resistência da parte dela, consegui que começasse a falar comigo e comecei a namorá-la na janela... sempre afastados pela parede, mas no fim, acabamos por superar essa barreira.
O certo era, que apesar de ter percebido naquela tarde, que por vezes embirravam um com o outro, a história tinha começado de uma forma pura e bela e tinha superado mais de 50 anos de convivência.
Fiquei a adorar o Sr. pela ternura com que me contou aquela história, com os seus olhos azuis já cansados, mas com aquele brilho que transmitia a emoção daquela partilha.
Apesar da lei da vida se ter encarregue de o afastar do seu amor, ele plantou em mim a esperança de acreditar que ainda existem histórias de amor que apesar dos obstáculos, acabam por triunfar.
Hoje aquela cena fez-me lembrar o Sr. Eduardo e por algum motivo ao virar da outra esquina segui atrás deste carro...
... como se me dirigisse ao infinito do sonho perdido!
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