terça-feira, 27 de julho de 2010

As coisas estranhas...

Papagaios-paraquedas no Rio de Janeiro

Era o cheiro... o cheiro que deixavas que me levava a virar a cabeça e seguir os teus passos até te perder de vista. Era como um íman que de repente me fixava ali, de olhos inadvertidamente desviados num único sentido, o TEU.
Já longe, podia ainda lembrar o teu sorriso, o tom simpático da tua voz ao dizer "Bom Dia" e aquele ligeiro desviar da cabeça em tom de cumprimento. Era tudo perfeito, como o teu caminhar compassado, a mala que seguravas firmemente, a gravata bem colocada, tudo em perfeita harmonia... e o cheiro, o cheiro(*) que ficava quando já ias longe, quando eu estava já a trabalhar e me lembrava de ti.
Durante um ano, sem saber quem eras, de onde vinhas, para onde ias, eu acompanhei-te de longe, eu segui-te sem ser sentida e apaixonei-me por aqueles instantes matinais, que duravam apenas 2 escassos minutos.
Seria estranho dizer que me apaixonei por ti, sem no fundo te conhecer, seria estranho que preferisse a incógnita do destino à certeza que o teu coração não era livre, seria estranho que sem termos passado várias horas juntos, o meu coração batesse mais forte a qualquer sinal teu, a uma mensagem, um email, seria estranho que de repente nos tivéssemos tornado amigos e nos falássemos como se nos conhecêssemos há anos, seria estranho querer que estivesses aqui agora a dizer parvoíces como um qualquer miúdo de 15 anos e me fizesses rir e não contar contar o tempo, seria estranho que pelo tanto que evito envolver-me a qualquer abertura eu me sinto tão eufórica que não controlo o que digo e o que escrevo, porque tudo aquilo que me apetecia dizer-te não posso, não devo.
E por ser tudo tão estranho, prefiro dizer que afinal não estou apaixonada, que do cheiro já nem lembro, que o meu coração não se alegra com o teu sorriso... porque te respeito, porque quando parece que estou a chegar a ti tu te escapas e porque prefiro caminhar pela terra firme, do que subir montanhas sozinha, para depois cair sem ninguém se dar conta que afinal, magoa. 


(*)Rachel Herz, disse que "O odor corporal tem um grande efeito para as mulheres, que se sentem sexualmente atraídas por determinados cheiros. A mulher consegue reconhecer quem é biologicamente compatível e quando um homem cheira "mal" cria-se uma barreira que não permite intimidade"

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