quarta-feira, 11 de maio de 2011


Um passo, todos os dias dou mais um passo para longe de alguém, para mais perto de outro alguém, mas sobretudo, dou mais um passo, certa de que melhor ou pior, foi o caminho que escolhi.
Nem sempre é fácil não mudar a direcção, não querer voltar a atrás e procurar aquela pessoa que durante tanto tempo fez parte da nossa vida. Mentiria se dissesse que sim! Mentiria se dissesse que não há momentos em que me lembro dessa pessoa, mentiria se dissesse que essa lembrança não me traz uma saudade que dói, que aperta, que ainda magoa. Mas na verdade, depois que tomei este rumo, essa saudade não passou de alguns momentos dispersos no passar dos dias, até há pouco tempo...
Durante muito tempo estive desligada e confesso que a última sensação que ficou naquele lobby do hotel, foi de que nunca mais iria olhar para aquela cara e nunca, mas mesmo nunca mais, iria sentir falta daquela pessoa. 
A verdade é que é muito mais fácil para alguém que tem companhia seguir em frente, do que para alguém que vai continuar o seu percurso sozinho... é preciso ter força para manter na cabeça aquilo que nos fez afastar e nunca buscar sequer uma desculpa para ter qualquer tipo de contacto. Sinto um imenso orgulho por ter conseguido, sinto-me grata pela distância e por tudo o que conquistei, mas se há coisas que por mais que a distância nos iluda não nos abandonam, são os sentimentos e as lembranças quando verdadeiros.
Neste último mês e depois de muito tempo, excluindo como é óbvio as recordações pontuais, voltei a sentir um aperto que só associo às lembranças desse alguém e à sensação irremediável de perda. Como se algo me tivesse sido tirado novamente e  tivesse sido levado para longe e por mais que eu fite o pensamento com o "está tudo bem, esse pedaço já não faz falta" a dor no peito mantém-se, irremediável e persistente.
Não sei o porquê desta sensação e muito menos consigo explicar que diferença fará esse longe ou perto, esse hipotético afastamento, daquilo que na verdade pensei estar já tão longe... 
Nunca entendi os pressentimentos que tinha, assim como nunca os consegui controlar e evitar que fossem tão certos, apesar do mau estar que me causavam.
Esse mau estar ronda os meus últimos dias, como uma melga nas noites de verão em que estamos quase a adormecer e o zumbido nos desperta de novo... e como sempre, eu procura na escrita, a cura para a angústia, como se fosse um soporífero para a alma.
Só com a distância do tempo nos apercebemos que alguns sentimentos não nos vão abandonar por mais que nos esforcemos; que existem pessoas que marcam a nossa vida de forma tão profunda que não existe borracha ou corrector eficaz para as apagar completamente; que é normal sentir saudades e que nenhuma pessoa poderá substituir, alguém que não escolhemos amar, mas amamos mesmo com todos os seus defeitos. E por vezes, essa pessoa tão imperfeita que olhamos como se fosse o poço de virtudes capaz de tornar todos os nossos dias felizes, afinal não era para nós.
Então, resta-nos agradecer o facto de conseguirmos ver isso, entender essa inevitabilidade com o coração e ter força para dar todos os dias mais um passo, mais um passo na direcção de um imperfeito que nos seja destinado.

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