"O vício é um dos temas mais fortes, e está tão patente na voragem do jogo como no consumo de droga. O café é aqui uma droga – ou a droga. A viciação atinge e corrompe as próprias relações. Elas estão viciadas, ou são, de alguma forma, viciantes. Diz-se por vezes que há uma “química” entre pessoas. Aqui há um químico, uma substância que gera uma dependência nos relacionamentos e impede que as personagens se libertem. O que coíbe, por exemplo, Vittoria de se libertar de um marido incorrigível? Ou o que faz Plácida correr atrás de um traste como Leander? Há uma outra coisa que me parece importante assinalar: a sobrevivência pós-perda total. Eugénio e Vittoria sobrevivem à perda de tudo, incluindo a perda dos brincos, que são descritos como “o que resta da nossa felicidade”. Todas estas criaturas são, à sua maneira, sobreviventes. Sobrevivem à falência afectiva, à falência das relações e do que socialmente as sustenta, à falência de todos os valores, pulverizados pelo vício e pelo jogo. Mesmo os que ganham – como Leander, que ganha apenas ilusoriamente – estão em falência absoluta. É uma liquidação total. O capitalismo aqui instaurado não serve para criar uma “sociedade feliz”, uma sociedade em que se evolui para um bem-estar comum ou para o bem-estar de quem quer que seja. Apenas produz sobreviventes."
Nuno M Cardoso
É muito bom poder juntar os amigos, jantar e rir dos "vícios" alheios.
Apesar da realidade crua do vício, existem pessoas que conseguem ser felizes, embora existam outras, que nem com o passar dos anos conseguem conviver com a felicidade alheia...
Temos pena!! :-)
2 comentários:
Ir ao TNSJ foi para mim uma estreia muito agradável :)
Aliás, foi sem dúvida, uma excelente opção! Mesmo que se torne no futuro um 'vício agradável'... ;)
Esta peça "O Café" é muito bem encenada, é muito interessante e surpreendente. De certa forma obriga-nos (quase que intrinsecamente) a reflectir sobre os nossos próprios 'vícios'.
Aliás, retrata esses 'vícios' que todos nós temos ou que alguém tem... ou então, que corremos atrás para os ter... Depois, passamos a vida toda a tentar saír deles...
Foi uma noite muito agradável, a companhia, o jantar e claro, o teatro :)
VT
A felicidade é contagiosa. Bom mesmo é andar perto de pessoas felizes. Nem sempre nos lembramos que a felicidade não é espontânea requer inteligência.
Beijos felizes,
Ana
p.s. sábado é a minha vez
Enviar um comentário