Acordar numa manhã de Verão ou de Inverno, mas sempre com uma enorme vontade de fazer daquele dia, o melhor de todos. Olhar para o branco das paredes de um quarto quase vazio e imaginar nelas quadros vermelho-púrpura, com toques de purpurina e aquela foto em que sorrio, mesmo sem saber que estou a ser fotografada. É assim que quero ser, alguém que sorri sempre, mesmo quando os dias não correm tão bem.
Quero olhar para o outro lado na minha cama e sorrir ao ver o local intacto.
Ter despudor de estar sozinha, porque como alguém disse “estar só, não é sinónimo de se ser só” e eu não sou só, estou apenas sozinha.
Por vezes, temos de fazer opções na vida e embora muitas vezes nos deixemos reger por aquilo que é tido como socialmente correcto no padrão das relações pessoais, eu sou tida como anti-social nesse aspecto.
O normal, para os “comuns”, não é viver só, embora hoje em dia haja cada vez mais pessoas a fazê-lo. No entanto, muitos assumem isso como um ponto negativo, uma fraqueza, algo a ser colmatado num futuro próximo.
Assumo, pela minha experiência que viver sozinha, para mim, é algo muito benéfico e extremamente estimulante. É óbvio que não passo o dia sozinha, mas naquele momento em que entro naquele espaço que considero o meu santuário e que é a minha casa, sinto uma paz imensa.
Não sou de me reger por estereótipos e isso espelha-se também nas minhas relações.
Ter muitos amigos não é sinónimo de se ser boa pessoa. Para mim o mais importante é ter bons amigos. A amizade tem para mim um valor incalculável e como todas as coisas com valor incalculável, acabam por ser poucas, mas genuínas. Cada amigo com o seu estilo, uns mais extrovertidos outros mais pacatos, presentes em diversos momentos da minha vida, mas aquele a quem passo a considerar amigo, dificilmente deixa de o ser. Uns mais ausentes, outros mais presentes, mas todos no meu coração.
No Amor consigo ser ainda mais restrita. Tive algumas paixões, alguns supostos “clicks” à primeira vista, mas Amor, Amor… senti… sinto… vivo apaixonada…, porque viver sem amor, para mim não é viver. Só esse alguém, conhece todas as minhas “máscaras”, as minhas fraquezas, aquela faceta que só mostramos às pessoas especiais.
(...)
Talvez um dia consiga ser hedónica por vocação e não apenas por desejo e dar primazia ao prazer, evitando sobretudo aquilo que é desagradável…simplificando as coisas e não complicando.
Queria sim, ter a oportunidade de fazer na minha vida tudo aquilo que gosto e viver cada momento como se fosse o último. Ser talvez como a Efémera, que está muito em voga, e ao fim do dia, em vez de me apaixonar como faz a Efémera no spot, sentar-me numa cadeira de baloiço ao luar e enviar numa estrela-cadente, um beijo para aquele alguém especial que se encontra algures, com a certeza que é muito querido. No pensamento desse alguém, quero estar a sorrir, porque, citando-me a mim mesma, “é a sorrir que vou conquistar aquilo que quero”!!
Texto de 2 Novembro de 2005