Hoje acordei com a sensação de ter perdido alguma coisa durante o sono, algo que acaba por não ser nada em concreto, mas que ao longo da manhã continua a deixar-me a sensação de vazio naquele espaço ocupado apenas pela "sensação". Como uma mancha que se alastra, a sensação cresce e torna tudo cru e sem sal, incluindo o próprio sorriso. Recordo-me por isso, de ter falado no início da semana com uma pessoa que por vários motivos marcou a minha vida e de ele me dizer que passou várias vezes em frente a minha casa no pouco tempo que cá esteve e que um dia não aguentou e tocou à campainha! Tocou na campainha certa, mas nesse preciso instante, ficou na dúvida e tocou em todas. Eu estava em casa e recordo-me perfeitamente do dia em que mais uma vez pensei "Lá estão os gajos da Meo a chatear outra vez!". O meu visor desliga-se automaticamente assim que a pessoa toca noutra campainha e não senti curiosidade em ver de novo. E ele foi... sentindo-se ridículo por ter lá ido... eu fiquei... sentindo que um dia vai ser bom ser surpreendida dessa forma! A verdade é que o tempo não pára e já lá vão mais de 10 anos... mas a sensação, que não é amor, mantém-se, a vontade de ver, de falar, de estar! Nunca ninguém me deixou uma sensação tão avassaladora e de paixão como esta pessoa que já fez tantas "loucuras" para me ver, diversas vezes... Eu sou uma mulher que adora isso! Gosto da paixão que é colocada em cada loucura cometida, gosto dessa vontade que é mais forte do que a razão... gosto daquilo que me transmitem estes, apenas e só, momentos perdidos no tempo. Talvez não seja esta a razão do vazio, do bocado perdido, mas é ela também uma situação cheia de intenção e vazia de realização... assim como todos os dias passados ao lado de outra pessoa, a partilhar bons e maus momentos ao ponto de desejar ter uma vida ao lado dela... e no final apenas saber que durante muito desse tempo, essa pessoa amava alguém que sempre esteve do outro lado da linha, do outro lado do ecrã, do outro lado do mundo, alguém que ouvia aquela palavra mágica que eu sempre quis ouvir " Amo-te"!
Às vezes não importa aquilo que damos a alguém, não importa a presença em todos os momentos, não importa os sorrisos que oferecemos e fizemos esboçar, as lágrimas que derramamos, não importa que tenhamos abdicado de tantas coisas em prol do incerto, pois o que continua a valer são os momentos que ficaram guardados num lugar especial do coração enquanto ele tinha espaço para alguma coisa.
Porque no fundo, o vazio é tudo aquilo que fica, quando a esperança se vai embora e quando já não temos espaço para mais nada, além daquilo que tivemos até aquele momento.
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