domingo, 18 de janeiro de 2009

Jardins da vida

Palmengarten - Frankfurt, Novembro 2008

Escrito a 1 Outubro 2005

Parei na incerteza do instante em que tentei parecer forte e apercebi-me dos inúmeros momentos de farsa que preenchem algumas vidas, inclusive a minha. Sinto-me ridícula por vezes, quando julgo que posso controlar os meus sentimentos, quando penso que consigo parecer livre, quando imagino que as minhas palavras e atitudes podem transformar aquilo que sinto.
O “veneno” da acomodação apoderou-se de mim e sinto que já não posso ter mais do que tenho e o que tenho simplesmente não me preenche. Toda a "riqueza" que provém daqueles que me amam e que por instantes parece encher-me a alma, esvazia-se no momento em que me deixo usar por sentimentos que digo guardados, por sentimentos que digo controlar e a glória deixa-se cair, porque dali não se levanta. Por atitudes “impensadas” e irracionais, há vidas que entram no ciclo vicioso da tolerância.
Diz-se que o amor tolera tudo, mas não é verdade. A traição, o desrespeito, o uso, mesmo que impensado por parte de outrem, faz florescer no amor, ervas daninhas que acabam por esconder as flores antes plantadas. Talvez porque nos dizem para não regar ervas daninhas, deixamos que com elas, sequem também os jardins de rosas, orquídeas ou outra qualquer flor que perfumasse e embelezasse o sentimento.

Muitas vezes, por medo da mudança, não nos apercebemos disso e sem saber sentimo-nos vazios. Eu sinto-me assim... deixo morrer as flores que me alegravam os dias e sempre que me permito plantar uma nova flor, faço-o sempre sem a proteger de novas ervas daninhas... deixo-me usar e acho sempre que tenho tudo sob controlo.
Queria mesmo ter feito tudo da forma correcta, queria ter valorizado o meu jardim e queria ter banido todas as ervas daninhas do meu coração, mas ainda não consegui.
Habituei-me a esperar e a sofrer, habituei-me a aceitar que estar com uma pessoa, mesmo por amor, não implica que tenhamos um relacionamento com ela, habituei-me a deixar quem amo, ir sem dizer a última palavra... mas agora, BASTA. Tenho de acabar com esta insegurança e frustração. E aqui estou, à espera do NADA, que se transforma na vida que me permiti ter. Permiti-me acreditar que um dia esse alguém ia olhar para mim de outra forma e esperei até a esperança esmorecer e a Razão vir ao de cima. “Qual o homem que abandona o prazer e compreensão gratuitos? Qual o homem que ao saber-se livre para ir e voltar não o faria?”
Parei, caí de joelhos na terra e chorei... chorei por ter feito isto a mim mesma, chorei e pedi força para conseguir mudar, para conseguir esquecer os pensamentos que me assolam a mente e para seguir em frente com a cabeça erguida, porque afinal o que fiz eu?

....AMEI Incondicionalmente.


1 comentário:

MIGUEL ANGEL MUÑOZ disse...

Mucha suerte amiga, ese jardin ira bien, no te preocupes.

Un abrazo