Escrita por Sófocles por volta de 427 a.C., Rei Édipo foi considerada por Aristóteles o mais perfeito exemplo de tragédia. No mito de Édipo, confrontamo-nos com as nossas perguntas sobre a identidade do poder, a ascensão e queda dos vitoriosos, a incerteza da vida, a relação entre o público e o privado, o desígnio do destino em oposição ao livre arbítrio. Jorge Silva Melo apresenta uma nova versão desta tragédia que é uma das peças mais adaptadas e interpretadas em todo o mundo.
A peste atinge a cidade. E o Rei Édipo quer saber porquê. Juntam-se as gentes à porta do palácio. E o Rei vem ter com a multidão e diz:
Nas ruas,
há gemidos, cantos fúnebres, lamentos.
Mas chora o quê a nossa cidade?
Que esperais?
De pergunta em pergunta, de resposta em resposta, os enigmas vão caindo. Édipo quer saber. Quer saber que maldição paira sobre a sua cidade, quer saber quem é. Vai descobrir uma verdade tremenda. Esta é a tragédia do saber.
E esta visita a Lisboa foi marcada por vários momentos em que a verdade surgia como a traiçoeira rasteira à felicidade, como se fosse ela que marcasse a diferença entre viver feliz ainda sem que ela se desvende, ou ser quase amaldiçoado quando ela se mostra por completo.
Como ouvi nesta peça "mesmo o que não verdade entra-nos pelo coração adentro", e pode tornar-nos cegos como Édipo, para o resto das nossas vidas!
2 comentários:
Sem cegueiras... (agora lembrei-me do Ensaio)... felizmente, a nossa cegueira é passageira...
Bj doce
Depende, na sua maioria, sim... mas há cegueiras que se prolongam demasiado e quando finalmente abrimos os olhos, o que nos surge cá dentro não é só a vontade de seguir em frente, mas de dar à história "o troco" que ela merece! Porque às vezes é mais difícil não fazer nada, do que fazer!
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