Escultura "Sphere within Sphere" de Arnaldo Pomodoro, Trinity College, Dublin - 2007
É pequenino, tão pequeno que nos instantes ocupados do tempo nem se percebe a sua existência.
Esforça-se por não incomodar, fica imóvel e é feito de uma matéria desconhecida, mas firme, que não se desgasta com o tempo, que não prospera com a alegria, mas entranha-se na tristeza e é nela que ganha espaço, um espaço invisível, que se mantém pequeno, mas para quem sente, parece enorme, parece ocupar o espaço de tudo o resto.
Não se devem ignorar as coisas pequenas, por pouco que pareçam são elas que se podem transformar em algo grande, seja isso bom ou mau!
E é nesse pequenino espaço dentro de mim, que por vezes me perco, horas, dias, semanas, é com ele que tenho monólogos imaginários à procura de respostas, até hoje não encontradas.
Pergunto-lhe muitas vezes, porque não se mostrou naqueles instantes em que os meus olhos brilhavam na magia ilusória de um amor possível (durante tantos anos)?
Onde estava ele quando eu me afogava em sorrisos e carinhos para alguém que não guardou nem um pedaço de mim?
Onde estava ele, quando eu me sentia banhada pelo prazer imenso daquela companhia, daqueles beijos, daqueles abraços, daquele toque na pele que me arrepiava?
Onde estava ele quando eu me sentia tão completa e sentia que era aquilo que eu queria para a minha vida? Aquele olhar, aqueles beijos, aquela presença, aquela pessoa? Que era dali que queria que nascessem os meus filhos?
E faço-me todas essas perguntas, porque aí ele também devia ter estado presente, porque de vazio se encheram esses momentos, essa presença ausente e essa pessoa.
Uma desmesura de sua parte ter-se escondido nesses momentos.
Esse pequeno espaço de mim que me faz sentir, por vezes, a falta desse preenchimento... falta-me qualquer coisa... e não sei bem o quê!
Às vezes essa pequena lacuna, faz-me sentir só, mesmo numa sala cheia de gente e não há sorrisos, palavras, que acendam a luz do negro que surge dentro de mim.
Mas eu, que não sou pessimista, que adoro estar alegre, quando ganho força, abro as persianas, saio de casa e vou atrás daquilo que falta, seja lá o que for... e em dias como hoje, em que me sinto bastante animada, em que danço e rio para as pessoas, em que me sinto amada e amo, não deixo no entanto de saber que ele existe e não o consigo perdoar por me fazer lembrar de todos os momentos em que ele se devia ter feito sentir presente, momentos que não agora, pois o agora é feito de sinceridade e realidade, mas do passado e das lembranças, porque "mesmo o que não é verdade, entra-nos pelo coração adentro"!
John Mayer - Something's missing
Um dia alguém me disse algo do género "For a lonely soul, you're having such a nice time" (Nothing on my way dos Keane), pois é, não é porque me falta algo, não é porque gostei da pessoa errada e não fui correspondida que deixo de ter momentos especiais, pessoas especiais, que deixo de sorrir, e viver... e ser feliz, ainda que não absolutamente, mas pelo menos continuo a lutar!
1 comentário:
E eu tenho a felicidade de ter uma Amiga especial como Tu...
Enviar um comentário