segunda-feira, 20 de abril de 2009

Correio Feminino #1


Quando fazemos tudo para que nos amem... e não conseguimos, resta-nos um último recurso, não fazer mais nada.

Por isto digo, quando não obtivermos o amor, o afeto ou a ternura que havíamos solicitado... melhor será desistirmos e procurar mais adiante os sentimentos que nos negaram.
Não façamos esforços inúteis, pois o amor nasce ou não espontaneamente, mas nunca por força da imposição.
Às vezes é inútil esforçar-se demais... nada se consegue; outras vezes, nada damos e o amor se rende a nossos pés.
Os sentimentos são sempre uma surpresa. Nunca foram uma caridade mendigada, uma compaixão ou um favor concedido.
Quase sempre amamos a quem nos ama mal, e desprezamos quem melhor nos quer.
Assim, repito, quando tivermos feito tudo para conseguir um amor, e falhado, resta-nos um só caminho... o de nada mais fazer.

Clarice Lispector

texto original

4 comentários:

PSousa disse...

Lou, deste a tua explicação...
mas com este texto, escrevo:
a opinião (ou o correio, se o desejares) não é feminina. É genérica, porque penso exactamente o mesmo.

Apenas uma nuance... o final... porque se sentimos que o amor é falhado... resta-nos algo...
terminar?
Eu terminei... felizmente de comum acordo, porque ambos sentimos o mesmo...

Bj

Lou Salomé disse...

K,
entendo perfeitamente as tuas palavras e não tenho a mínima dúvida que percebes cada palavra deste e de outros textos que tenciono publicar. Nem tudo o que vai ser escrito será 100% verdade nos dias de hoje, mas decidi manter tudo como no original (tendo em conta que são textos de 1940/50).
Quanto à tua nuance acho que o mais importante é que se lute pela nossa felicidade. Estou portanto de acordo com o terminar quando não há razões para continuar, muito mais do que com o não fazer nada nesses casos.
Sê muito feliz.
Beijinho

PSousa disse...

Parabéns pela escolha... porque a maioria reflecte a actualidade...

Sejamos Lou, sejamos, todos os que procuramos ser...

Bj

Maga disse...

Curioso, também já tinha chegado a esta conclusão: "não fazer (mais) nada"! Se um dia algo interessante surgir ou acontecer, eu hei-de estar em condições de reparar e me aperceber... PS: já sou fã da Clarice!