quarta-feira, 15 de julho de 2009

Correio Feminino #4


Todos gostamos de dizer que somos generosos e desprendidos, mas se nos analisarmos com objectividade, chegaremos à conclusão que o primeiro amor, a primeira generosidade, a grande preocupação é por nós mesmos. Quando o "eu" tem tudo, quando o "eu" está contente, então começamos a ser generosos com os outros. A ninguém amamos tanto como nós mesmos; somos o nosso grande amor.
Quando estamos apaixonados, não amamos porque nosso carinho dá felicidade à outra pessoa, mas sim porque isto nos traz felicidade. Se se trata de defeitos, julgam-nos sempre isentos deles. Se são virtudes, estão tacitamente incluídas na opinião que formamos de nós mesmos.
Raramente temos a coragem de perguntar: "Por que estou fazendo isto? Por mim ou pelos outros?" Sempre a consciência nos responderia: "Por ti; se não te agradasse e não te desse vantagem, nada farias."
Os mais generosos são culpados deste pecado. E os que o ignoram ou negam, é porque não possuem o valor e a coragem de reconhecê-lo.
Clarice Lispector

2 comentários:

PSousa disse...

Excelente «recorte»!
Nada mais actual para o meu dia de hoje...

Bj doce

El C. disse...

É verdade!
Ninguém faz nada por ninguém sem esperar algo em troca. Mas esse algo pode ser um simples prazer em praticar o bem.

Até pareço um sacerdote! Não?
Tenho que descansar mais... lol



Mas não considero pecado...
Que mal tem ser generoso para ser e fazer alguém feliz?


bjnhs enormes