quinta-feira, 30 de abril de 2009

Talvez

Terraço - Lisboa

Talvez não ser,
é ser sem que tu sejas,
sem que vás cortando
o meio dia com uma
flor azul,
sem que caminhes mais tarde
pela névoa e pelos tijolos,
sem essa luz que levas na mão
que, talvez, outros não verão dourada,
que talvez ninguém
soube que crescia
como a origem vermelha da rosa,
sem que sejas, enfim,
sem que viesses brusca, incitante
conhecer a minha vida,
rajada de roseira,
trigo do vento,

E desde então, sou porque tu és
E desde então és
sou e somos...
E por amor
Serei... Serás...Seremos...


Pablo Neruda

domingo, 26 de abril de 2009

Domingo na Casa da Música

Casa da Música
E no momento que nos preparávamos para abandonar a sala, anunciaram mais uma música do filme "Superfly" (1972)... sentamo-nos e pela 'preciosidade' do momento, rimos deliciosamente:

"Freddie's dead.
That's what I said.
(...)
It's hard to understand,
There was love in this man.
I'm sure all would agree,
That his misery,
Was his woman and things.
Now Freddie's dead.
That's what I said.

(...)

Love-love.
Heah-yeah.
Ha-ha.
Yeah-yeah.
Freddie's dead.

All I want is some peace of mind,
With a little love I'm tryin' to find.
This could be such a beautiful world,
With a wonderful girl.
Ooo, I need a woman child.
Don't wanna be like Freddie now.
'Cause Freddie's dead.

Why can't we brothers protect one another?
No one's serious and it makes me furious.
Don't be misled,
Just think of Fred."

That's what I said.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Correio Feminino #2

O descanso não é um luxo, é uma necessidade. A maior parte das pessoas acha que uma mãe, enquanto tem filhos pequenos, nunca pode repousar porque tem que estar permanentemente ao lado deles. É verdade. Mas é verdade também que a mãe realizará melhor o seu trabalho se puder desfrutar de vez em quando de umas verdadeiras férias. Pois mães e filhos se cansam mutuamente: vigiar e ser vigiado é relação que fatiga um pouco os nervos... Não é verdade que certas cozinheiras perdem o apetite porque estão sempre cozinhando? Pois medite nisso...
Não basta ter dinheiro. É preciso saber comprar. E não basta saber comprar... É preciso saber usar.
Um vestido, por mais bonito que seja, usado fora da ocasião não enfeita. Pelo contrário. Um penteado "rico" pode ficar simplesmente "deslocado" se acompanhar um traje esporte, você sabe disso - e sabe que dinheiro gasto no cabeleireiro será dinheiro perdido.
A verdade é que a gente se sente mesmo bem é quando se sente - "apropriada", adequada.
(...)
Você sabe se divertir? Pois até devia haver cursos para isso. Para muita gente, divertir-se significa fazer passar o tempo ou matar o tempo. Há outros que se divertem com a maior seriedade e, ao menor contratempo, reagem ofendidos. Há os que se divertem bocejando... Há os que têm medo de achar graça. Há os que levam para o divertimento uma tensão quase explosiva. Parece que o curso de divertir-se é uma necessidade. Mas curso divertido, é claro.
Clarice Lispector

excerto do texto original

Seu nome

Kim Ramalho
"Quando essa boca disser o seu nome venha voando,
mesmo que a boca só diga seu nome de vez em quando.
Se quando quiser entrar encontrar o trinco trancado,
Saiba que o meu coração é um barraco de zinco todo cuidado.
Por isso não traga tempestade depois que o sol se pôr
Nem venha com piedade, porque piedade não é amor."

Tempo

Lisboa - Abril 2009

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Correio Feminino #1


Quando fazemos tudo para que nos amem... e não conseguimos, resta-nos um último recurso, não fazer mais nada.

Por isto digo, quando não obtivermos o amor, o afeto ou a ternura que havíamos solicitado... melhor será desistirmos e procurar mais adiante os sentimentos que nos negaram.
Não façamos esforços inúteis, pois o amor nasce ou não espontaneamente, mas nunca por força da imposição.
Às vezes é inútil esforçar-se demais... nada se consegue; outras vezes, nada damos e o amor se rende a nossos pés.
Os sentimentos são sempre uma surpresa. Nunca foram uma caridade mendigada, uma compaixão ou um favor concedido.
Quase sempre amamos a quem nos ama mal, e desprezamos quem melhor nos quer.
Assim, repito, quando tivermos feito tudo para conseguir um amor, e falhado, resta-nos um só caminho... o de nada mais fazer.

Clarice Lispector

texto original

domingo, 19 de abril de 2009

Correio Feminino


Esta semana recebi um livro que me trouxeram do Brasil. 
Correio feminino de Clarice Lispector.
Tinha-o visto em casa de uma amiga e fiquei apaixonada pelo aspecto... achei um livro lindo.
Comecei a lê-lo ontem e dei por mim a rir com os pequenos textos dirigidos às mulheres da década de 50 e 60. Decidi criar uma etiqueta dedicada a Clarice e ao seu Correio Feminino para partilhar alguns dos textos, que apesar de escritos há tanto tempo, continuam a ser tão adequados. A mulher evoluiu, mas o homem não continuará a apreciar o mesmo?!

"Seleção de textos extraída de suplementos femininos assinados sob pseudônimos por Clarice Lispector nos jornais Correio da Manhã e O Comício, e como ghost-writer de Ilka Soares no Diário da Noite. Segundo a organizadora Aparecida Nunes, a divisão do livro em cinco blocos "caracteriza o percurso de Clarice no ofício de falar para mulheres em linguagem acessível e sobre assuntos que interessam à natureza feminina". Mostrando-se mobilizada pela questão da emancipação da mulher, a colunista une entretenimento à informação, dá conselhos sobre beleza, culinária, moda e medicina, e ainda incita mudanças no comportamento das leitoras. É um retrato de hábitos e tendências da mulher brasileira nas décadas de 1950 e 1960."

sábado, 18 de abril de 2009

Gravity



Porque o Presente não saberia tão bem, se não tivesse já experimentado um sentimento que ficou preso no egoísmo de alguém... até que um dia, as algemas da insolência e do despeito não bastaram... e ele se escapou em busca da liberdade deste sorriso que trago hoje comigo.

"Something always brings me back to you. It never takes too long.
No matter what I say or do I'll still feel you here 'til the moment I'm gone.
You hold me without touch. You keep me without chains.
I never wanted anything so much than to drown in your love and not feel your rain.

Set me free, leave me be.
I don't want to fall another moment into your gravity.
Here I am and I stand so tall, just the way I'm supposed to be.
But you're on to me and all over me.

You loved me 'cause I'm fragile. When I thought that I was strong.
But you touch me for a little while and all my fragile strength is gone.

(...)

I live here on my knees as I try to make you see that you're
everything I think I need here on the ground.
But you're neither friend nor foe though I can't seem to let you go.
The one thing that I still know is that you're keeping me down.
You’re on to me, you’re on to me and all over...
Something always brings me back to you. It never takes too long."

quarta-feira, 15 de abril de 2009

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Uma dor alegre



"Amor, não deixe cair pelo chão
O que resta de nós, de nós
A dor se aperta em meu peito
E não deixa sair minha voz
De noite não deixa dormir minh'alma
De dia me vem roubar a calma
Me fere o espinho do pranto
Alegria não há
Sustaram-se meus acalantos
E eu vivo a chorar

Será que a vida é penitência
Pra quem ama de verdade
É preciso paciência
Pra curtir essa saudade
Em meu peito o tédio chega lentamente
Não há remédio, não há jeito
Nosso amor está doente"


A melhor forma de afugentar a tristeza é escrever algo profundo e dar-lhe um ritmo alegre.
Toda a dor passa a ser alegre! Assim me sinto hoje, alegremente dorida!
Os espinhos afugentam o tédio e lembram-me que estou viva... pelo menos sei que não parei no tempo!

sábado, 4 de abril de 2009

Transacções e Cabaret

Depois de uma fantástica tarde de sol, com almoço numa esplanada sossegada, servida por um rapaz simpático, um passeio de eléctrico à descoberta de uma vista magnífica sobre Lisboa, umas ruas com história, uma loja com sabonetes do Porto, umas fotos a cenas peculiares e uma limonada acompanhada de uma exclente conversa no terraço com Lisboa a meus pés, fui ao Teatro Maria Matos ver Transacções!

David Truscott, um milionário americano, pretende desfazer-se de um quadro de Pollock. Loren, uma ambiciosa marchand, propõe um leilão. Gerry, o marido psiquiatra, dá-lhe duas semanas para obter dividendos. Kel, Mindy, Manny, Phyllis e Dawn, são os bizarros licitadores. Personagens à bout de souffle, “obscenamente ricos” com dinheiro para estourar antes de estourarem consigo. No especulativo mercado da arte, dividido entre a ascensão social e a elevação artística, Loren procura o seu anjo:
“Se nós estamos algures a meio caminho entre o macaco e o anjo – aquilo – (olhando para a pintura) é o anjo.”.
(e como eu concordo com isto, eu já encontrei o meu!)

Depois seguimos para o Vintage deLUXE - Cabaret da Primavera, no Dia Mundial dos Malmequeres (em que me esqueci do meu).
O espectáculo foi soberbo: " burlesco (vintage strip-tease) e vaudeville com GO-GO LOLITA e a picante e estreante Ginger Sue, Lucky Lu e a doce Miss Scarlett, magia com Miss Mia, danças sensuais com as Charisse Sisters, a inocência marota da nossa MICHELLE D’ORLEANS" e last but not least, com o embriagado Dj Carlos DeLUXE que por pouco não caiu em cima de mim!
A night to remember!
Lisboa faz-me bem!

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Yo no...


Há dias em que só o som do "desc" inicial da palavra Desculpa, me deixa furiosa.
Há pessoas que até por darem um passo pedem desculpa!
Será que realmente tomam consciência de que eu afinal queria ir para a direita e eles foram para esquerda??
Ou pedem desculpa só porque acham que vai solucionar alguma coisa??
Já deram não já?! So let's move on!!
Para ti, caro FE tenho a dizer-te que se de alguma forma eu impusesse um limite para as "Desculpas" que cada pessoa na minha vida pode pedir, tu já terias excedido o teu há mais de 4 anos, dando é claro, o desconto do 1.º ano de experiência e de outros 2 de "benefício da dúvida". Por isso, não há mais bónus e por favor...
Desculpa
é só mesmo para aquelas coisas que tomamos consciência que fizemos sem a intenção de magoar/chatear a outra pessoa e que se pudéssemos voltar atrás não teríamos feito nada assim, e não para tudo aquilo que mesmo magoando alguém, nós faríamos de novo (vezes sem conta)!

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Felicidade



"Tristeza não tem fim
Felicidade sim

A felicidade é como a gota
De orvalho numa pétala de flor
Brilha tranquila
Depois de leve oscila
E cai como uma lágrima de amor

A felicidade do pobre parece
A grande ilusão do Carnaval
A gente trabalha o ano inteiro
Por um momento de sonho
Pra fazer a fantasia
De rei ou de pirata ou jardineira
Pra tudo se acabar na quarta-feira

Tristeza não tem fim
Felicidade sim

A felicidade é como a pluma
Que o vento vai levando pelo ar
Voa tão leve
Mas tem a vida breve
Precisa que haja vento sem parar

A minha felicidade está sonhando
Nos olhos da minha namorada
É como esta noite, passando, passando
Em busca da madrugada
Falem baixo, por favor
Pra que ela acorde alegre com o dia
Oferecendo beijos de amor

A felicidade é uma coisa boa
E tão delicada também
Tem flores e amores
De todas as cores
Tem ninhos de passarinhos
Tudo de bom ela tem
E é por ela ser assim tão delicada
Que eu trato dela sempre muito bem."

Vinicius de Moraes cantado por Maria Creuza e Toquinho, En la Fusa

E porque sou resistente, persistente, optimista... prefiro acreditar que a tristeza é um caminho incontornável na busca da Felicidade.
Sem ela não daríamos valor às coisas que realmente importam na vida, sem ela não poderíamos perceber a falta que algumas pessoas nos fazem, o quanto a inexistência de um certo objecto poderia afectar o nosso bem estar.
Às vezes, quando me sinto triste, olho para o meu Angel of Hell e consigo esboçar um sorriso que me traz de volta a terra firme. Aquele quadro é sem dúvida a melhor prova física que vale a pena acreditar e que essa força em si, nos pode fazer muito felizes.
A profunda tristeza foi lançada pela janela do 3.º andar há muitos meses atrás, no dia em que percebi que se havia algo que não valia a pena lutar, era para ter o carinho, amor de alguém que no fundo nunca conseguiu olhar para mim... e VER-ME!!
Por isso, canto:
"A Tristeza não tem fim, até abrirmos a porta à Felicidade"
... e fechei a porta atrás de mim!

Nota: Apesar de me ter agradado mais a versão da Mayra Andrade, por ser mais alegre, coloquei esta versão que também gostei!