quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Correio Feminino #6

*
Gostos e cores não se discutem - mesmo porque o seu gosto em cores revela a sua personalidade. A prova disso pode-se tirar com um teste bastante simples.
Faça uma
lista de cores, 1.º as de sua preferência, em ordem descrescente; 2.º as de que não gosta, sempre em ordem decrescente; e em 3.º as que lhe são indiferentes.
O sentido de suas escolhas poderá basear-se na seguinte relação:
AMARELO - Positivo: procura uma porta de saída para melhor expandir-se. Negativo: sua qualidade é a concentração. Indiferente: tende para a displicência e o egoísmo.
MARROM - Positivo: quer enraizar-se nas coisas simples da vida, fugir de inovações. Negativo: deseja singularizar-se. Indiferente: ama acima de tudo o conforto.
CINZA - Positivo: precisa cercar-se de afeição. Negativo: tem sede de ação e de novidades.
Indiferente: é inconstante.
VIOLETA - Positivo: uma natureza reservada, temerosa. Negativo: tendência de adotar atitudes impessoais. Indiferente: reage com vigor contra interferências.
VERDE - Positivo: não é influenciável. Negativo: tem a necessidade incessante de libertar-se. Indiferente: não teme a solidão.
PRETO - Positivo: seu desejo é absoluto e afasta tudo mais. Negativo: só tem confiança no que faz. Indiferente: nunca renuncia às suas ambições.
VERMELHO - Positivo: quer sempre conquistar. Negativo: é inabalável em suas resoluções. Indiferente: abafa seus impulsos.
AZUL - Positivo: ama o repouso, a segurança. Negativo: tendência à astúcia. Indiferente: uma natureza suave.
Procure combinar o sentido das diferentes cores de acordo com o significado que tenham para você, e conseguirá assim um quadro em tecnicolor da sua personalidade - não se esquecendo, porém, que, para cada cor, são muitas as nuances.
Clarice Lispector
texto original

* Porque hoje é um bom dia para se pensar em cores, eu elegi o azul bebé, para marcar o meu ano de 2010 com coisas boas!
Bom Ano!!!

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

O amor tem razões...

Kunsthalle Hamburg

...que a própria razão desconhece!
"Amai, rapazes! e, principalmente, amai moças lindas e graciosas; elas dão remédio ao mal, aroma ao infecto, trocam a morte pela vida... Amai, rapazes!"

"Ela amou o que me afligira, eu amei a piedade dela."
Dom Casmurro
por Machado de Assis

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Sem explicação

Hoje foi um daqueles dias em que ter tudo planeado não adianta de nada, pois tudo se alterou até ao extremo de estar a esta hora da noite, a fazer aquilo que tinha planeado fazer de manhã cedo. Mas hoje, também foi daqueles dias em que a alteração de planos não me causou qualquer transtorno! No fundo deixei correr sem planos e aquilo que supostamente seria uma casa, transformou-se num castelo!
Li algures "quem quer, pode!" e na verdade hoje senti algo semelhante a isto, embora não tenha sido a primeira vez que um desejo profundo se tenha tornado realidade, como é prova o quadro que hoje ilustra o que escrevo.
É facto, que para que algo se concretize, são precisas várias forças a remar no mesmo sentido, mas como explicar que alguém em quem tenho pensado nos últimos dias, tenha hoje surgido depois de tanto tempo?
Como explicar o sorriso que ficou no rosto todo o dia depois dessa conversa e a paciência para andar depois num shopping cheio de gente?
Como explicar quando de repente outra pessoa surge com um convite para jantar e me faz sorrir ainda mais?
Como explicar que aquilo que tinha desejado antes disto tudo, se tenha tornado de repente tão inconcebível e desinteressante ao ponto de terminar este dia a gozar com algo que noutra circunstância me teria deixado bastante triste?
Na verdade há coisas que não têm explicação... são mesmo assim!

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Boas Festas

Hoje é dia de arrumar as coisas e seguir para a Terra Natal. Ficar longe do computador e perto dos afectos e da lareira.
Fica o desejo de Bom Natal a todos!!

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Asa delta

Sobrevoando São Conrado - Rio de Janeiro - Dezembro 2009

Assim como diz a música Keda Livre de Sara Tavares "já fiz uma viagem longe..." e lá vivi momentos únicos.
Foi um sonho que reunia vários sonhos: atravessar o Atlântico, conhecer o Rio de Janeiro, passear no calçadão, beber água de côco, apanhar sol no Inverno de cá e descer de Asa Delta para a praia...
Espero encontrar algum tempo para escrever aqui alguns dos episódios desta viagem.
Confesso que todos os dias penso em escrever, mas tem sido escasso o tempo para tudo o que quero fazer... daí o blog estar tão desactualizado.
Em breve, isso mudará... há tantas coisas que quero escrever, por onde começar?!


domingo, 6 de dezembro de 2009

Rio de Janeiro


E a partir deste preciso instante, a minha meta é esta...
Os próximos dias serão de férias e com certeza de muita animação!!
E finalmente vou atravessar o Atlântico!
Sinto que aqui vou ser muitooooooo felizzzzzzzzz!
Até breve!

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Parabéns

Fonte

E porque hoje não poderia haver nada mais importante do que o teu aniversário!
Por seres quem és e por te teres tornado tão especial em pouco tempo!
Às vezes não são precisos anos para se dar valor a alguém, são precisos apenas instantes preciosos, o verdadeiro sentimento de amizade, humildade, respeito e muito carinho.
Já és especial, apenas por seres quem és!
Parabéns, Mister!

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

O Avarento

Questões pessoais quase resolvidas e mais uma correria para chegar a horas à estreia da peça O Avarento. Nem todos puderam chegar a tempo...
O Avarento tem como personagem central o
Harpagão, uma personagem com vestes que o caricaturam por si só e que vive quase enclausurado em casa como guardião daquilo que mais preza na vida, o seu tesouro. Cleanto e Elisa, filhos de Harpagão vivem à mercê da piedade dos que conhecem a avareza daquele pai, até que um dia inesperadamente ele lhes comunica que se apaixonou e pretende casar com Mariana, a amada de seu filho Cleanto. A partir daí desenrolam-se as cenas caricatas, a intriga, a tragédia, a astúcia, a malvadez, a frieza...

"Harpagão tem imperfeições, coisas ridículas, hábitos, tiques, todos eles associados à sua grande paixão, mas que lhe dão espaço de jogo, que são, por assim dizer, pequenas fissuras no bloco do carácter. Ele é colérico, e os seus acessos de cóleras fazem com que tussa, porque sofre de catarro. Ele é medroso, inquieto, lamuriento. É hipócrita e pérfido. Gosta de inventar histórias. É ingénuo. Finalmente, não sei como, apaixona-se. (...) É graças às suas pretensões amorosas que melhor nos damos cota, e de uma forma divertida, da desumanização de Harpagão. É nas partes "amorosas", que o grotesco é levado ao extremo, chegando mesmo a raiar o odioso, e que a personagem, ultrajada por manipulações, apoquentada, empurrada, derrubada, se mecaniza e se aproxima do fantoche."
Jacques Copeau (retirado do Manual de Leitura)


Para quem acima de tudo na vida pôs o dinheiro, só podia esperar um final.
Por coincidência, as caixas multibanco estiveram em sintonia com a temática desta peça e não davam dinheiro a ninguém... os bancos a guardar os seus tesouros.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Imprevistos


Quando acordamos de manhã, não há uma tendência natural de pensar que num ápice o que parecia tão certo pode mudar, assim de repente numa chamada, em várias mensagens, num email...
Eis que na minha semana de tranquilidade, acordo para mais um dia, assim quase sem preocupações... até que uma chamada me inquieta e embora sem certezas, me demonstre que um 3 pode facilmente passar a 2, sem que a contagem decrescente tenha o sabor de vitória.
O efeito do jantar da noite anterior que tão bem me soube, enraizou também a vontade que se tornou certa de quebrar com aqueles laços que mantemos por força do tempo, por força de um amor que há muito não se alimenta de nada a não ser de contínuos descuidos e empurrões... assim de repente não me apeteceu dizer-lhe mais nada, nem mesmo Adeus!
À hora do almoço o número 2 tornou-se certo e a desilusão era dupla, ou tripla... ficou um vazio que temos de preencher com ajuda do tempo que resta!
No final da tarde, a chamada esperada toda a semana ficou sem resposta... aquilo que já era certo não precisava de palavras muito menos das palavras de alguém que não se deseja mais ouvir. Restava preparar-me para o dia seguinte, para ir firme e segura ao local que me abriu em tempos uma porta, mas que hoje eu só quero colocar tijolos para fechar de uma vez por todas o acesso a algo que me fez tão mal durante este ano.
O ginásio trouxe-me alguma paz, quebrada por chamadas e mensagens inesperadas... corro de novo para chegar à Baixa com tempo... não consigo um lugar para estacionar... deixo o carro num passeio de Sta. Catarina... corro para o teatro antes que a bilheteira feche... passa a Polícia... paro até perceber que o meu carro fica livre de multa... converso com a S., sempre tão querida comigo... corro de novo e sem mais tempo, decido deixar o carro naquele passeio... entro na Fnac a abarrotar e sento-me na primeira fila ao lado de Fer e Fil... 5 minutos e Sara Tavares entra com a banda no mini palco e finalmente relaxei... sorri e dancei...
Foi a primeira vez que vi Sara Tavares ao vivo e fiquei rendida, linda, simpática, excelente a cantar e a tocar, a envolver cada pessoa ali presente, a fazer com que todos sentissem a sua música e as "Good, good vibes".
Um ponto de luz para o dia seguinte... tudo vai correr bem!

domingo, 22 de novembro de 2009

As bol(h)as


Todos os dias são bons para um recomeço, não tem de ser segunda, terça ou quarta-feira, para mim, foi hoje, domingo.
Sem pensar se devia parar, descansar, sair, hoje arregacei as mangas e dediquei-me a um hobby
há muito relegado para segundo plano, os acessórios. Dá-me um prazer imenso poder criar coisas diferentes, olhar para as peças soltas e fazer delas, um colar, um alfinete, um porta-chaves, um anel...
Senti que ontem de alguma forma fui alimentada por uma força sobrenatural, pelo abraço aconchegante e terno, o beijo que segurou as lágrimas de uma saudade ainda incerta e plantou uma esperança revigorada, um perdão sem palavras, apenas sentido. Senti-me de novo em mim e pronta para olhar em frente.
Dei também hoje o passo da revitalização da mente e do corpo e fui ao ginásio... coisa que já não fazia há largas semanas. Senti-me feliz por ter conseguido, já que na última semana, desisti umas quantas vezes.
E foi quando voltava para casa, a sentir o fresco na cara, que vi caírem do céu, inúmeras bolas de sabão... e recordei aquela frase de ontem "tenho a sensação que tu passaste estes últimos 7 anos dentro de um bolha"... e sorridente comecei a tocar com a mão algumas bolas que estavam à minha frente e fi-las desaparecer, sentindo que era a minha bolha que se estava a desfazer.
E agora, aquela parte de mim que adora "borboletar", porque mantém o espírito de criança só queria ir para a janela soprar bolas de sabão alegremente... pois agora sei, que a bolha só nasce do lado de fora... SOU LIVRE!!

sábado, 21 de novembro de 2009

days with my father


Hoje, o Facebook fez-me chegar ao site de Phillip Toledano - days with my father e por largos minutos detive-me a ver as fotos e a ler os textos que contam os dias passados com o pai. Por várias razões, hoje, esta sensação de nostalgia e saudade teve um efeito duplo em mim. Tocou-me profundamente a vida contada essencialmente em imagens. Ainda hoje em conversa referi essa sensação de que tenho pessoas muito especiais na minha vida que se vão ressentindo com a passagem do tempo e que gostaria de poder guardá-las para sempre assim, porque me dão todo o carinho do mundo, porque gostam de mim assim como sou e porque os amo demais!

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Breve Sumário da História de Deus

Fonte

Sexta-feira, 21h30 (mais coisa, menos coisa, porque há coisas que já não são o que eram) no Teatro Nacional S. João, começa a desenrolar-se o Breve Sumário da História de Deus.
Surge um anjo que era tudo menos terrível, como havia sentenciado Rilke em 1923. A sua voz entrava no ouvido e chegava ao coração, não fossem as palavra difíceis de descortinar (pelo português "denso").
Procurei nas personagens que surgiram no desenrolar da história, o que mais poderia ter significado para mim nos dias de hoje e sem menosprezo a todos os que existiram e continuam a fazer parte da história, escolho o Tempo.


"E a ti, porém,

manda-te, Tempo, que temperes bem,
este relógio que te dou das vidas
e como as horas forem compridas
de que fez mercê a vida d'alguém,
serão despedidas."

É com ele que o Mundo e Morte se reúnem e ditam aquilo de que é feita a vida de todos nós. É ele que traz a Morte.


"Homem de molher nascido

muito breve tempo vive miserando
e como flor se vai acabando
e como a sombra será consumido."

Lamentou Job, tão conhecido pela sua paciência (Paciência de Job).


O Tempo é também referido em várias passagens da Bíblia, como no Salmo 90, Oração de Moisés:
"(...)Porque mil anos são aos teus olhos como o dia de ontem que passou, e como a vigília da noite.
Tu os levas como corrente de água; são como um sono; são como a erva que cresce de madrugada; de madrugada, cresce e floresce; à tarde, corta-se e seca.
Pois somos consumidos pela tua ira e pelo teu furor somos angustiados.
Diante de ti puseste as nossas iniquidades; os nossos pecados ocultos, à luz do teu rosto.
Pois todos os nossos dias vão passando na tua indignação; acabam-se os nossos anos como um conto ligeiro.
A duração da nossa vida é de setenta anos, e se alguns, pela sua robustez, chegam a oitenta anos, o melhor deles é canseira e enfado, pois passa rapidamente, e nós voamos.
Quem conhece o poder da tua ira? E a tua cólera, segundo o temor que te é devido?
Ensina-nos a contar os nossos dias, de tal maneira que alcancemos coração sábio.
Volta-te para nós, SENHOR; até quando? E aplaca-te para com os teus servos.
Sacia-nos de madrugada com a tua benignidade, para que nos regozijemos e nos alegremos todos os nossos dias.
Alegra-nos pelos dias em que nos afligiste, e pelos anos em que vimos o mal.
Apareça a tua obra aos teus servos, e a tua glória, sobre seus filhos.(...)"

E que possamos temperar as nossas vidas com um grande número de coisas boas, que sejamos felizes e façamos aos outros bem, que sejamos fiéis sobretudo a nós mesmos e acreditemos que o Tempo nos ensinará que precisamos passar pelo mau para reconhecer o bom.
Devemos, no entanto, seguir a jornada neste Mundo, agindo
"de tal maneira que os anjos tenham alguma coisa para fazer." (Kafka)
O final da peça, foi belíssimo...

com alguns excertos de Jorge e Pedro Sobrado retirados do Manual de Leitura da peça

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

We're like water and a flame...



A questão não está em seguirmos o caminho mais fácil, mas em seguir aquele que de alguma forma nos fará sofrer menos.
É indiscutível que me sinto triste, porque deixar ir um pedaço de nós, deixa sempre um vazio por preencher, uma saudade, uma vontade de ter feito mais e a desilusão de nunca ter sequer tido essa oportunidade!
Estava num cárcere e o único consolo era a tua voz, ora alegre e aconchegante, ora recriminatória e agressiva!
Se olhar para trás e ler as coisas que escrevi ao longo dos anos, vejo que sempre foste isso... eu apenas me tornei menos tolerante ao sofrimento e às desilusões que me causaste!
Não quero nada além da lembrança feliz... apenas não quero mais ter-te na minha vida!
I look away... and I will be good...either way!

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

São fases...

Fonte

Senti que precisava de um tempo, senti que as palavras não saíam da mesma forma, a minha alegria não era a mesma e até a tristeza se tinha transformado em algo que desconhecia. Senti que queria escrever, mas os meus pensamentos começavam a atropelar-se, até que parava e decidia sempre, por dias e dias, não escrever uma única palavra.
Limitei-me a ler o que os outros escreviam, a sublinhar o que me interessava, a viver como podia, a sorrir por vezes, a chorar muitas vezes e a deixar que o tempo ajudasse a suavizar as angústias e me ensinasse que as fases da vida, as boas e as más, têm uma determinada duração e que cabe a cada um fazer o melhor que puder para mudar para o estado que nos faz sentir melhor.
Para quem me conhece,
é indiscutível, que o meu melhor estado, é a alegria e o sorriso estampado no rosto, não só porque é isso que me faz feliz, mas também porque assim transmito aos que me rodeiam algo de bom. A minha forma irónico-sarcástica de reagir às adversidades vai-se mantendo, embora precise ainda recuperar um pouco a velha forma. O bem-estar também chega, com os seus altos e baixos... até que me retenho num pensamento "um dos meus sonhos está perto de ser realizado!", parece que aí tudo muda e só me sei sentir bem e feliz...
Ontem o Mister disse-me que eu era um "livro fechado", "uma caixinha cheia de surpresas"... sim, talvez seja, mas sou acima de tudo sincera naquilo que digo, não finjo ser o que não sou, mas às vezes sou aquilo que não devia ser!
Todos nós, passamos por fases em que não nos reconhecemos... eu passei por essa fase, mas volto a encontrar-me comigo e sei que apenas quero continuar a ser aquilo que sempre fui!
Aprendi com cada acto meu, com cada pedaço de dor, com cada lágrima, com cada abraço que recebi, mas sobretudo aprendi a aceitar a "derrota", e a aceitar que às vezes não é mesmo a altura certa para vivermos algo ou às vezes aquela não é a pessoa certa.
No entanto, o que de mais importante recebi depois de tudo, foi a compreensão e a noção da grandeza do sentimento que partilhava com alguém, nunca pensei que pudesse ser tão sincera, transparente com alguém, ao mais profundo de mim, nunca esperei partilhar tudo aquilo e sentir o aconchego que senti. Fica alguma tristeza por tudo aquilo que nunca mais poderá ser, mas sigo muito feliz, por tudo aquilo que um dia foi e que não poderá ser igualado.

"Pode sempre explicar-se o drama de uma vida através da metáfora do peso. Costuma dizer-se que nos caiu um fardo em cima. Carregamos com esse fardo, suportamo-lo ou não o suportamos. Lutamos com ele, perdemos ou ganhamos."

Assim como aconteceu com Sabina no livro do Kundera, o que se abateu sobre mim, não foi um fardo, mas a insustentável leveza do ser!

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Emília Galotti

Agora posso dizer, voltei ao teatro!
Apesar da atribulação e falta de tempo, consegui reunir 10 pessoas para assistir à estreia de Emília Galotti, melhor dizendo 9, além de mim!
Gostei muito da peça e senti que já estou na fase de voltar a apreciar isto realmente...
Aqui fica o"doce".
"Do mesmo modo, e apesar das explicações apresentadas, não podemos evitar questionar o valor de um suicídio virtual ou homicídio invocado em prol da preservação da virgindade.
(...)
Para além das cegueiras e da própria obscuridade dos comportamentos das suas personagens, esse movimento faz reinar uma impiedosa lucidez. No fim de contas, todos jogam às claras.
A razão ensina‑nos que várias podem ser as vias seguidas pelo destino mas que o
fim é apenas um e nada interessa o ponto de partida daquilo que é inevitável.
A mesma razão te aconselhará a morrer, se possível, do modo que te agradar, se não, do modo que for viável, isto é, a aproveitar a forma de suicídio que as circunstâncias te depararem. Se é imoral viver impetuosamente, morrer num ímpeto, pelo contrário, é admirável!
"
Lúcio Aneu Séneca
Cartas a Lucílio. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1991. p. 271

domingo, 18 de outubro de 2009

Quando me amei de verdade:

Ministério das Finanças, Dezembro 2008

... compreendi que em qualquer circunstância, eu estava no lugar certo, na hora certa, no momento exacto. E, então, pude relaxar.
Hoje sei que isso tem nome, auto-estima.

... pude perceber que a minha angústia, o meu sofrimento emocional, não passa de um sinal de que estou a ir contra as minhas verdades.
Hoje sei que isso é ser autêntico.

... parei de desejar que a minha vida fosse diferente e comecei a ver que tudo o que acontece contribui para o meu crescimento.
Hoje chamo a isso amadurecimento.

... comecei a perceber como é ofensivo tentar forçar alguma situação ou alguém apenas para realizar aquilo que desejo, mesmo sabendo que não é o momento ou a pessoa não está preparada, inclusive eu mesmo.
Hoje sei que o nome disso é respeito.

... comecei a livrar-me de tudo que não fosse saudável…pessoas, tarefas, crenças, tudo e qualquer coisa que me colocasse para baixo. De início, a minha razão chamou a essa atitude de egoísmo.
Hoje sei que se chama amor-próprio.

... deixei de temer um tempo livre e desisti de fazer grandes planos, abandonei os projectos
megalómanos de futuro. Hoje faço o que acho certo, o que gosto, quando quero e no meu próprio ritmo.
Hoje sei que isso é simplicidade.

... desisti de querer ter sempre razão e, com isso, errei muito menos vezes.
Hoje descobri a humildade.

... desisti de reviver o passado e de me preocupar com o futuro. Agora, mantenho-me no presente, que é onde a vida acontece.
Hoje vivo um dia de cada vez. Isso é plenitude.

... percebi que a minha mente me pode atormentar e decepcionar-me. Mas quando eu a coloco ao serviço do meu coração, ela torna-se uma grande e valiosa aliada.
Tudo isso é saber viver.

texto de Kim e Alison McMillen adaptado

Ainda tenho de subir algumas escadas para lá chegar, mas hei-de ser forte.

sábado, 10 de outubro de 2009

Seu Jorge


Porque há dias que marcam uma viragem este pode ser considerado um desses dias na minha vida...
Eis que este dia me deu que pensar vários dias antes, não fosse eu ter a sensação que independentemente daquilo que tivesse já planeado, este dia ia ser de opções que mudavam completamente o rumo dos acontecimentos.
Planos para dia 10 já tinha há mais de um mês... bilhetes comprados para um espectáculo e alguma impaciência em preencher os 3 lugares em falta...
Quando numa bela noite da semana anterior, estava eu a tentar resolver essa questão e a minha amiga Fer me diz, "Ah, nesse dia não! Vou com o meu pai ver Seu Jorge!". Bem, eu não sei que cara pus, mas foi algo entre o desânimo e a ânsia, já minha, de também ir.
Até àquele momento não sabia sequer que Seu Jorge cá vinha, mas já andava desde a última vez que cá esteve na Casa da Música a dar um concerto que toda a gente gabou, a desejar muito vê-lo.
Nessa mesma noite, sem ainda saber o que faria com aqueles 3 bilhetes, decidi ligar para a Fnac e reservar 2 bilhetes antes que esgotasse.
Nos dias seguintes tentei resolver as 2 questões, levantar os bilhetes na Fnac, que não foi fácil pois obrigou-me a ir lá uma segunda vez (pois na primeira eles não conseguiam levantar reservas) e devolver os outros 3 bilhetes que tinha, que embora me tenha pesado o acto, acabou por ser um gesto de compreensão do S. que me tirou o "peso da consciência".
Dia 10 chega, não sem antes passar por um grave crise de consciência e emocional no dia anterior, que me deu para uma sexta-feira à noite de pura introspecção e avaliação daquilo que tinha feito nos últimos anos.
Sábado acordei decidida a ganhar coragem e assumir a responsabilidade dos meus actos anteriores sabendo que isso poderia causar uma ruptura definitiva com aquela pessoa e com uma parte da minha história. Assumi o meu erro e pedi ajuda, mas em vez de ouvir recriminações, tive toda a compreensão possível.
Depois apenas entretive o tempo e a cabeça com afazeres domésticos até à hora do concerto. Jantei tranquilamente no japonês com a minha mãe e fui ter com os meus restantes "companheiros" de concerto que me fizeram rir logo à chegada!
Sim, posso dizer que me sentia feliz naquele momento, que o meu sorriso era sincero, que brinquei, que cantei e que dancei muito no concerto... que terminou (antes do encore) com a música dele que mais ouço "Tive razão"... e tive de perceber que o destino não poderia ser mais adequado naquele momento, a letra serviu-me na perfeição:

"Tive razão
Posso falar
Não foi legal, não pegou bem
Que vontade de chorar, dói
Em pensar que ela não vem, só dói
Mas pra mim tá tranquilo, eu vou zoar
O clima é de partida,
Vou dar sequência na minha vida
E de bobeira é que eu não estou,
E você sabe como é que é, eu vou
Mas poderei voltar quando você quiser!"

Eu sei que neste dia mudei completamente o meu rumo, quebrei uma base importante, assumi que iria viver uma nova fase e que teria de me adaptar da melhor forma a ela...sei que não tive outra alternativa e que pelo menos me sorvi desta forma, com uma resposta para tudo aquilo que não tinha capacidade de entender até então, por isso também sei, que se um dia voltar, eu já não serei mais a mesma!
Até sempre!

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Emptiness

Hoje acordei com a sensação de ter perdido alguma coisa durante o sono, algo que acaba por não ser nada em concreto, mas que ao longo da manhã continua a deixar-me a sensação de vazio naquele espaço ocupado apenas pela "sensação". Como uma mancha que se alastra, a sensação cresce e torna tudo cru e sem sal, incluindo o próprio sorriso. Recordo-me por isso, de ter falado no início da semana com uma pessoa que por vários motivos marcou a minha vida e de ele me dizer que passou várias vezes em frente a minha casa no pouco tempo que cá esteve e que um dia não aguentou e tocou à campainha! Tocou na campainha certa, mas nesse preciso instante, ficou na dúvida e tocou em todas. Eu estava em casa e recordo-me perfeitamente do dia em que mais uma vez pensei "Lá estão os gajos da Meo a chatear outra vez!". O meu visor desliga-se automaticamente assim que a pessoa toca noutra campainha e não senti curiosidade em ver de novo. E ele foi... sentindo-se ridículo por ter lá ido... eu fiquei... sentindo que um dia vai ser bom ser surpreendida dessa forma! A verdade é que o tempo não pára e já lá vão mais de 10 anos... mas a sensação, que não é amor, mantém-se, a vontade de ver, de falar, de estar! Nunca ninguém me deixou uma sensação tão avassaladora e de paixão como esta pessoa que já fez tantas "loucuras" para me ver, diversas vezes... Eu sou uma mulher que adora isso! Gosto da paixão que é colocada em cada loucura cometida, gosto dessa vontade que é mais forte do que a razão... gosto daquilo que me transmitem estes, apenas e só, momentos perdidos no tempo. Talvez não seja esta a razão do vazio, do bocado perdido, mas é ela também uma situação cheia de intenção e vazia de realização... assim como todos os dias passados ao lado de outra pessoa, a partilhar bons e maus momentos ao ponto de desejar ter uma vida ao lado dela... e no final apenas saber que durante muito desse tempo, essa pessoa amava alguém que sempre esteve do outro lado da linha, do outro lado do ecrã, do outro lado do mundo, alguém que ouvia aquela palavra mágica que eu sempre quis ouvir " Amo-te"!
Às vezes não importa aquilo que damos a alguém, não importa a presença em todos os momentos, não importa os sorrisos que oferecemos e fizemos esboçar, as lágrimas que derramamos, não importa que tenhamos abdicado de tantas coisas em prol do incerto, pois o que continua a valer são os momentos que ficaram guardados num lugar especial do coração enquanto ele tinha espaço para alguma coisa.
Porque no fundo, o vazio é tudo aquilo que fica, quando a esperança se vai embora e quando já não temos espaço para mais nada, além daquilo que tivemos até aquele momento.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

A minha mãe sempre disse que eu seria um bom actor...

"É melhor ficar com a Tereza ou ficar sozinho?
Não há forma de se verificar qual das decisões é melhor por porque não há comparação possível. Tudo se vive imediatamente pela primeira vez sem preparação. Como se um actor entrasse em cena sem nunca ter ensaiado. Mas o que vale a vida se o primeiro ensaio da vida é já a própria vida?"
Excerto de «a insustentável leveza do ser» de Milan Kundera