sábado, 18 de dezembro de 2010

PAISAGENS... onde o negro é cor

 Foto de João Tuna

"Antes de ser PAISAGENS… onde o negro é cor, esta nova criação da Companhia Paulo Ribeiro circulou em documentos de trabalho com o títuloDedicatórias – 2010, sinalizando desde logo o conceito que a animava: dedicar um solo a cada uma das cidades que aderiram ao projecto, partindo das suas marcas identitárias. Ao longo do processo de trabalho, o conceito foi evoluindo do “retrato individual” para a “fotografia de conjunto”, isto porque as idiossincrasias se esbateram e acabou por emergir um território comum a todas elas: a qualidade humana dos encontros que se foram fazendo. As dedicatórias mantêm um destinatário reconhecível, mas PAISAGENS… é agora uma cartografia dançada sobre a identidade e a geografia sentimental de oito cidades portuguesas. O resultado final, segundo Paulo Ribeiro, “respeita os solos na íntegra, mas também os desconstrói, abrindo o leque de composições coreográficas”. Leonor Keil – de quem já se disse que era “muito provavelmente, a melhor bailarina do mundo” – é co-criadora e intérprete do solo dedicado ao Porto. Seremos capazes de a merecer?"

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Omara Portuondo & David Murray@Casa da Música


Numa sala quase cheia Omara Portuondo juntou-se a David Murray  para prestar homenagem a Nat King Cole.
Omara que chegou a actuar com Nat King Cole em Havana, foi convidada por David Murray para este espectáculo único na Casa da Música!! 
Eu, como espectadora do concerto, agradeço imenso pelos momentos extraordinários desta noite mágica e feita de recordações, "Quizas, Quizas, Quizas" na abertura, "Cachito" a meio e "Aqui se habla en amor" e com passagem por Amália Rodrigues "Casa Portuguesa", que Omara Portuondo fez questão de cantarolar.
Divinal, sublime... no more words to describe!!

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Gustavia

Foto de João Tuna


"Gustavia é um diálogo entre duas coreógrafas maduras, sozinhas num palco, frente a frente, duas cabeças diferentes apoiadas num mesmo corpo: andrógino, pernas compridas, cabelos claros. Mais do que um dueto, é um solo para dois corpos. Gustavia também é nome de mulher, mas é sobretudo um nome artístico.La Ribot: “É um clown sexual, uma amazona futurista. Ela evoca todos os fantasmas da mulher livre”. Mathilde Monnier: “É uma mulher contemporânea, paradoxal e contraditória”. Também é uma personagem que nos fala do palco e dos seus códigos, a esboçar um retrato do artista enquanto figura ridícula, que tropeça, cai e recomeça, sempre a transformar a incompetência em competência, sempre a pedir um pouco da nossa atenção. O burlesco é uma energia indisciplinada, que atravessa todas as artes sem se deixar aprisionar numa forma precisa e estável. Gustavia é um vaudeville burlesco. Duas mulheres trágicas e cómicas caminham de saltos altos num terreno acidentado. Procuram uma espécie de paraíso perdido – a infância e o riso, toca e foge, Bucha e Estica."

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Sombras


Foto de João Tuna

"Sombras de Ricardo Pais é e não é teatro. Tem o seu coração no Fado e inclui composições originais de Mário Laginha, mas – ao contrário do que acontecia em Raízes Rurais. Paixões Urbanas (1997) e Cabelo Branco é Saudade (2005) – a lógica dramatúrgica não advém exclusivamente da música. Sombrasassenta num apurado guião de textos onde Frei Luís de Sousa e Castro detêm um valor matricial, e é atravessado pelos nossos fantasmas lendários, o gosto das pequenas histórias, a melancolia das variedades, o vigor do fandango, o prazer cénico de experimentar os opostos, o desdobramento dos olhares sobre nós próprios – e a força percussiva da mais alta literatura dramática. Após a assombrosa recepção em Novembro passado, e antecedendo a apresentação no Théâtre de la Ville (Paris), Sombras reaparece no seu palco originário. Três oportunidades apenas para avaliar da materialidade destes assombramentos e incandescências da nossa natureza teimosa e paradoxal. Definitivamente, como se dizia a propósito de Fados (1994), do mesmíssimo e sempre diferente Ricardo Pais, “a nossa alma é uma coisa concreta”."


"Com Sombras, somos ao mesmo tempo fadistas e fandangueiros, cantando e rindo em cima desses mortos-vivos que edificaram Portugal – mas também em cima do património pessoal e colectivo que, desde Ninguém e Saudades: Um Hetero-Cabaret-Erosatírico, experiências fundadoras de 1978, Ricardo Pais foi construindo, e portanto descontruindo. Sombras – A nossa tristeza é uma imensa alegria é o último capítulo desta descida aos abismos do modo de ser português que nas mãos de qualquer outra pessoa podia ser só uma operação demolidora, mas que nas mãos de Ricardo Pais também tem um efeito regenerador. […] É um dos espectáculos mais complexos de Ricardo Pais – um prodígio de engenharia teatral."
Inês Nadais – Público (19 Nov. 2010)

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

T3+1


Hoje é dia para saudar o 13. Os 13 anos, o dia 13... 13, o número simplesmente, porque muito me fez rir e perante um encenador-actor que brilha mesmo no escuro e que nos enternece mesmo quando se revela fraco e com medo que a "mulher" possa chegar a qualquer momento.
Esta peça, teve para mim ligações perfeitas, não só pelo que vi, mas por tudo o que vivi.


T3+1 no TECA até 21 de Novembro


"Onde há arte, onde há talento, não há velhice, nem solidão, nem doença e a própria morte só existe pela metade... "

domingo, 7 de novembro de 2010

Debashish Bhattacharya

Fonte
Costumo ouvir que "Não há coincidências!" e que poderia eu esperar quando concorri ao passatempo promovido pelo JPN para ganhar 2 bilhetes para um concerto na Casa da Música, sem sequer ter ouvido uma música?
O que esperava ao certo não sei, mas acabei por ganhar os bilhetes e assim uma nova forma de passar um Domingo à noite que não numa sala em frente ao computador e com a TV ao fundo ligada para me fazer sentir algo semelhante a "uma companhia".
A world music costuma ser do meu agrado e quase todos os concertos nesta categoria a que assisti na Casa da Música, foram uma excelente surpresa.
Este acabou por não fugir à regra e a guitarra slide hindustandi fez-me viajar durante uma hora e meia por um país distante do meu, onde imaginei a vida, as cores, os sabores e pude ter nesse meu imaginário um cheiro bom, que tanto foge às declarações dos visitantes da Índia.
Acompanhado por Prabhu Eduarde nas tablas, Debashish não só celebrou o amor, como me deixou cá dentro uma sensação de paz e felicidade... aquilo que eu tanto precisava. E por isso quando penso que não há coincidências, só me ocorre que as nossas escolhas, ainda que impensadas vão de encontro às nossas necessidades, mesmo quando à partida nada assim o indica.

Para ouvir

sábado, 30 de outubro de 2010

O fio... que nos prende ou nos liberta!

No fio, naquele fio perdido no abismo dos sentimentos deve estar aquele brilho que faz falta no olhar, aquela alegria de viver contagiante. Parece que num ápice tudo foi baralhado e a parte mais importante foi escondida pelas formas supérfluas de estar e algo robotizado se apoderou de uma alma que se deixou estar inerte perante tamanha transformação.
É como se de repente as mudanças se tornassem tão cansativas que não valia a pena alterar o decurso da viagem e o passado, esse passado pisado e abandonado com desprezo, tivesse de repente voltado para nos lembrar que existiu e que a distância do tempo não deixa que ele se apague.
O fio...

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Hedda


Fonte
Olhar para Hedda como uma mulher à procura de um fundamento, de arma em punho, pronta a defender ou seguir uma ideia até ao fim e a sair vencedora derrotada numa morte contraditória, que funciona como uma coroa de folhas de videira na cabeça de quem perde. Uma mulher determinada a viver uma impossibilidade ou, roubando as palavras ao filósofo alemão Marcus Steinweg, determinada a viver “um sonho com valor de verdade”. E uma mulher que arrasta todos os que vivem em seu redor, questionando-os, desequilibrando-os, pondo-os em causa, como aliás a arte é e deve ser capaz de fazer.
José Maria Vieira Mendes - Excerto de “Sobre o trabalho: Hedda (Gabler)”. In "Hedda": [Dossier de Imprensa]. Lisboa: Artistas Unidos, 2010.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

DUETO PARA UM


Foto de João Tuna

"Stephanie procura resgatar‑se da impossibilidade física que lhe condiciona o acto e o pensamento.
Como a própria afirma, “é impossível mudar esta condição com determinação”. Stepanhie está dependente da inoperacionalidade de um corpo que a projecta na existência – no mundo, lugar do seu refúgio enquanto ser. Confrontada com essa impossibilidade, recusa‑se a aceitar uma outra situação e encaminha‑se para o acto último que a conduzirá à negação da sua manifestação num mundo que já não lhe surge sequer como propósito da própria vida.
O Homem é um ser no mundo – sozinho não existe – e é pela afirmação da vontade que vai adiando a inevitabilidade da morte. Para Stephanie, é precisamente a sua condição humana que impede, agora, que a sua vontade se afirme.
Nesta luta de milhares de anos para ultrapassar a nossa condição biológica, relembramo‑nos constantemente enquanto seres na natureza."
excerto do texto de Carlos Pimenta retirado do programa da peça "Dueto para Um"

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

O Filme do Desassossego

Fonte
"O meu desejo é de morrer, pelo menos temporariamente, mas isto, como disse, só porque me dói a cabeça. E neste momento, de repente, lembra-me com que melhor nobreza um dos grandes prosadores diria isto. Desenrolaria, período a período, a mágoa anónima do mundo; aos seus olhos imaginadores de parágrafos surgiriam, diversos, os dramas humanos que há na terra, e através do latejar das fontes febris erguer-se-ia no papel toda uma metafísica da desgraça. Eu, porém, não tenho nobreza estilística. Dói-me a cabeça porque me dói a cabeça. Dói-me o universo porque a cabeça me dói. Mas o universo que realmente me dói não é o verdadeiro, o que existe porque não sabe que existo, mas aquele, meu de mim, que, se eu passar as mãos pelos cabelos, me faz parecer sentir que eles sofrem todos só para me fazerem sofrer."
Livro do Desassossego de Bernardo Soares

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Candeeiro #26

Lisboa - Abril 2010

Hoje fiquei sentada na janela a pensar em ti... 
Quando te sentas naquele puff e fumas o teu cigarro a olhar para mim com ar sério e ao mesmo tempo, doce...
Quando me dizes como agir e como me defender nas diversas ocasiões...
Quando, com olhar cúmplice e de forma espontânea, me contas com detalhe a forma como metes conversa com uma miúda, o que te faz ficar mais tempo, o que lhe dizes, o que ouves e nos rimos os dois do caricato da cena...
Quando não me recriminas de ser como sou, mesmo que não te agradem alguns pormenores...
Quando me pedes desculpa, porque estou sensível e não consegues perceber no início...
Quando depois acabas por agir da forma que eu precisava e me dás o carinho que eu não conseguia pedir...
Porque nos dias em que me falta luz, é do teu sorriso sentado nesse mesmo puff e do teu abraço que sinto falta...

terça-feira, 27 de julho de 2010

As coisas estranhas...

Papagaios-paraquedas no Rio de Janeiro

Era o cheiro... o cheiro que deixavas que me levava a virar a cabeça e seguir os teus passos até te perder de vista. Era como um íman que de repente me fixava ali, de olhos inadvertidamente desviados num único sentido, o TEU.
Já longe, podia ainda lembrar o teu sorriso, o tom simpático da tua voz ao dizer "Bom Dia" e aquele ligeiro desviar da cabeça em tom de cumprimento. Era tudo perfeito, como o teu caminhar compassado, a mala que seguravas firmemente, a gravata bem colocada, tudo em perfeita harmonia... e o cheiro, o cheiro(*) que ficava quando já ias longe, quando eu estava já a trabalhar e me lembrava de ti.
Durante um ano, sem saber quem eras, de onde vinhas, para onde ias, eu acompanhei-te de longe, eu segui-te sem ser sentida e apaixonei-me por aqueles instantes matinais, que duravam apenas 2 escassos minutos.
Seria estranho dizer que me apaixonei por ti, sem no fundo te conhecer, seria estranho que preferisse a incógnita do destino à certeza que o teu coração não era livre, seria estranho que sem termos passado várias horas juntos, o meu coração batesse mais forte a qualquer sinal teu, a uma mensagem, um email, seria estranho que de repente nos tivéssemos tornado amigos e nos falássemos como se nos conhecêssemos há anos, seria estranho querer que estivesses aqui agora a dizer parvoíces como um qualquer miúdo de 15 anos e me fizesses rir e não contar contar o tempo, seria estranho que pelo tanto que evito envolver-me a qualquer abertura eu me sinto tão eufórica que não controlo o que digo e o que escrevo, porque tudo aquilo que me apetecia dizer-te não posso, não devo.
E por ser tudo tão estranho, prefiro dizer que afinal não estou apaixonada, que do cheiro já nem lembro, que o meu coração não se alegra com o teu sorriso... porque te respeito, porque quando parece que estou a chegar a ti tu te escapas e porque prefiro caminhar pela terra firme, do que subir montanhas sozinha, para depois cair sem ninguém se dar conta que afinal, magoa. 


(*)Rachel Herz, disse que "O odor corporal tem um grande efeito para as mulheres, que se sentem sexualmente atraídas por determinados cheiros. A mulher consegue reconhecer quem é biologicamente compatível e quando um homem cheira "mal" cria-se uma barreira que não permite intimidade"

sábado, 10 de julho de 2010

A Pessoa Certa


Rock in Rio 2010
"...esta espécie de encantamento, o estado de ânimo dos apaixonados em eterna espera do amor ausente, é semelhante ao delíquio dos hipnotizados; e o seu olhar lembra o dos doentes que erguendo a custo as pálpebras, despertam do coma. Do mundo estes só vêem um rosto, nada mais ouvem do que um nome.Mas, um dia, acordam.
Olha para mim.
Olham à sua volta, esfregam os olhos. Já não vêem só esse rosto... para ser mais rigorosa, vêem também esse rosto, mas tremido. Vêem um campanário, uma floresta, um quadro, um livro, o rosto de outras pessoa, a finitude do universo. É uma sensação estranha. O que ainda na véspera não se podia suportar, nos doía e queimava por dentro, hoje já não nos faz sofrer. Sentada num banco, sentes-te tranquila. Pensas algo do género: "Frango assado" ou "os Mestres cantores de Nuremberga" ou "preciso de comprar uma lâmpada para o abajur" e esta é a realidade e tudo, isto é igualmente importante.
... 
Ontem ainda queria vingança, ou redenção, querias que telefonasse, que tivesse necessidade de ti, ou que fosse metido na prisão e condenado. Sabes, enquanto sentes isso, o outro regozija-se por estar longe de ti. Continua a exercer poder sobre ti. Enquanto gritares vingança, o outro esfrega as mãos, porque a vingança significa desejo, a vingança é uma forma de constrangimento. Mas chega o dia em que acordas, esfregas os olhos, bocejas,e, subitamente, percebes que não queres mais nada. Nem te faz mal, se o encontras na rua. Se telefona, respondes como se deve. Se quer ver-te e precisas de falar com ele, por favor sente-se. E tudo isto com naturalidade, de modo franco e sincero, sabes... sem nada mais de convulso, doloroso, delirante. O que se passou? Não compreendes. E não queres já vingar-te, não... e compreendes que a única verdadeira vingança, a mais perfeita, está em nada mais quereres dele, nada lhe desejares de mau, nem de bom, não conseguir já fazer-te sofrer.
...
Sofri muito, e julguei, durante um ano que ainda me dava um ataque do coração. Mas uma bela manhã, acordei e descobri uma coisa... sim, a mais importante, que só sozinhos podemos saber.
...
Olha, querida, o Senhor foi rude comigo, mas, simultaneamente, quis fazer-me dom de descobrir a verdade, que eu suportei sem perecer. O que descobri?!... Pois, minha cara, que não existe a pessoa certa.
Um belo dia, acordei, sentei-me na cama e sorri. Não sentia dor. E, subitamente, percebi, que não existe a pessoa certa. Nem na terra, nem no céu. Nem seja lá onde for, podes ter a certeza. Existem somente pessoas, e, em todas elas, um pedacinho da pessoa certa, mas em nenhuma se concentra tudo o que se aguarda e dela esperamos. Nenhuma pessoa reúne em si tudo isso, nem existe a certa, a única, a maravilhosa, essa figura singular que nos traz a felicidade. Existem somente pessoas, e, em todas elas, há escórias e um raio de luz, tudo..."
Excerto de "A Mulher Certa" de Sandór Márai

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Natiruts

Por muito que corpo peça descanso e os olhos teimem em querer repousar... hoje não podia dormir sem escrever o quanto me senti arrebatada... a lembrança às vezes vem sob várias formas, dá-nos a sensação de saudade, ilusória claro, porque demora apenas os instantes em que o olhar se cruza com as coisas óbvias... a tua boca, o teu jeito, o teu sorriso, as tuas indecisões, a tua ex, a tua música e eu aqui, ainda a vibrar com a lembrança doce de há pouco "lembro como é bom amar" e é porque me lembro de ti, embora não seja por ti que espero. (Felizmente)





Obrigada Mister por me teres convencido a ir e pela excelente companhia. Good Vibes!

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Amor(quase)-perfeito

Bubó - Barcelona- Junho 2010

Quando um dia me perguntares, porque não me importei de esperar pacientemente por ti e aguardar tranquila os teus silêncios, eu responder-te-ei que apesar da dúvida que o silêncio planta no meu coração, a minha experiência ensinou-me que se pode querer muito alguém e nunca se chegar a ter algo que baste e alimente, algo que nos permita sentir que aquela pessoa em algum momento se completou em nós... e contigo, basta o esboçar desse sorriso ao primeiro olhar, basta a sensação que me transmites de que sou para ti tanto quanto tu és para mim... um sonho muito sonhado a tentar tocar a realidade. 

É a força das palavras, o carinho em cada frase, a forma como dizes que me adoras, a sensação que me dás de ser tão especial, que adoça a minha alma de uma forma nunca sentida e é um doce que te transforma num amor-perfeito... ainda que não o sejas realmente ou sequer o venhas a ser!! 

Mas de que é feita a vida, senão do desejo de coleccionar momentos bons que nos levem à felicidade? E assim te digo, sou feliz, muito mais feliz por existires na minha vida.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Enquanto espero...

Barcelona -Setembro 2009


Às vezes o silêncio deixa-me a dúvida... a dúvida daquilo que se esgota nas horas de espera, nos minutos que libidinosamente nos sugam a réstia de esperança de um carinho vago. E nesses instantes, ainda assim prefiro essa dúvida, à certeza que a razão me traz, de que quem nos deixa no silêncio, não nos quer tanto como outrora disse.
Prefiro o mundo dos sonhos em que me perco em ti, do que a realidade, crua e cinzenta sem ti.
E antes que eu acorde do sonho colorido em que me quero ter contigo, deixa-me que te diga... obrigada por existires e obrigada por todos os sorrisos que me roubaste sem que contasse!
Um beijo de quem espera...

(na noite em que o cansaço quase me vence, mas que o teatro e as leituras me servem de soro para ficar desperta, mas agora me vou...)

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Sem tempo...

Tenho alturas, em que escrevo muito e depois podem passar meses em que nem sequer penso nisso...
Costumava dizer que só escrevia quando estava triste, a determinada altura e quando decidi abandonar de vez o "mal dos meus pecados", continuei a querer escrever pelo simples facto de me sentir feliz, por isso escrever é uma paixão, sempre que o tempo e o silêncio da minha sala apelam à minha vontade.
No final de Abril pude ver Alicia Keys (que gostei bastante), e "Agora a Sério" uma peça sobre relações. Nessa ida a Lisboa ainda tive oportunidade de perceber que nem tudo é eterno e que por vezes com 2 frases podemos desmoronar um castelo, que julgava eu, bem alicerçado, mas era feito de areia. Não esqueço a amargura de perceber que 13 anos foram soprados ao vento pela arrogância e orgulho de alguém que não admite perder a razão e ter-se enganado nos julgamentos. Quanto a mim, consciência tranquila, não era tarefa minha repôr a verdade, mas fico leve por perceber que com a verdade descobri a fragilidade de tudo.
Este mês, embora os papéis me dessem como "desocupada" eu tive tudo menos tempo para pensar, parar parar e escrever. Um mês com muitos progressos, de Romeu e Julieta, com uma escapadela a Lisboa para ir ao Rock in Rio ver Mariza, Ivete, John Mayer e Shakira (além de outros encontros simpáticos pelo recinto com o meu "anjo"), para aproveitar a piscina do Vip Grand Hotel que adorei, para comer sushi com amigos e ver o fantástico Santana, com quem vibrei bastante, especialmente ao som de Oye como va, que partilhei em pensamento e mensagem com o meu doce B. (...a nossa música). Ainda por lá, veio a boa nova e a mudança radical...
Amanhã... amanhã começo uma nova rotina que me deixa muito feliz!
O poder está sempre em acreditarmos e em manter sempre o espírito positivo.
Volto aqui, depois de ter assistido a "in vino veritas",  porque estou feliz e sóbria :-) com vontade de ser mais constante na escrita!

domingo, 30 de maio de 2010

In vino veritas








E para mim, o FITEI começa aqui. Domingo a noite e muito antes da hora, vamos as 3 meninas para o Mosteiro. Aguardamos uma experiência única... entrar numa história que nos dê a libertação, a mim que me liberte do tempo que parece não me chegar para tudo nos últimos meses.
Sem paixões é sempre preciso encontrar algo que nos ocupe o pensamento, mas para mim nem é preciso um esforço... haja ocupação em dose um pouco menor!
Alicia Soto criou na peça in vino veritas "uma viagem plena de emoções e de estímulos diferentes, transportando-nos ao mundo dos sonhos, da fantasia e da ilusão, jogando com metáforas visuais e a constante sedução do movimento e da música que, tal como acontece desde os tempos ancestrais com a cultura do vinho, navega do sentimento clássico à expressão mais contemporânea num sugestivo cocktail de dança, acções teatrais e feitos especiais que impregnam o espectáculos de magia e poesia."
Começamos por ser servidas na entrada, pelas 3 musas que nos trazem copos e vinho para entrarmos na história em sintonia com o tema.
"O movimento cénico dos 4 personagens de Alicia Soto encerra o passado, as vivências, as visões e o futuro desta viagem vinícola. As diferentes coreografias vão exprimindo emoções íntimas e universais da condição humana, como a solidão, a esperança, a evasão, o entusiasmo, a alegria, o nojo, a violência, a luxúria, a ternura, bem como sentimentos eternos e de certa forma utópicos, como a busca da liberdade individual."
E nós entramos na história sem saber muito bem se saímos dela até voltarmos a acordar no dia seguinte. 

terça-feira, 4 de maio de 2010

Um grito de amor desde o centro do mundo

Corações de Joana Vasconcelos no CCB*
"Quem me dera que o sonho fosse realidade e que a realidade fosse um sonho! Mas é impossível. Por isso, quando acordo, estou sempre a chorar. Não é por estar triste, é porque quando regresso à realidade, saído de um sonho feliz, deparo com uma fenda que não consigo transpor sem verter lágrimas. E, por mais vezes que me aconteça, reajo sempre assim."
Excerto retirado do livro "Um grito de amor desde o centro do mundo" de Kyoichi Katayama

Estes corações com o fado como som de fundo representam a nostalgia do excerto acima.
* Corações
 – Vermelho, do fado, do amor, dos sentimentos; O Dourado, que representa o ouro e a tradição portuguesa e o Preto, que simboliza a morte, a dor e o sofrimento”

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Agora a sério


Henry, um dramaturgo dividido entre duas actrizes, Charlotte e Annie, é o protagonista desta tragicomédia em que Tom Stoppard usa o teatro dentro do teatro para lançar no palco um debate sobre as ideias-feitas de fidelidade, realidade e talento. 
Assim Stoppard "respondeu" aos críticos que o acusavam de não escrever sobre sentimentos, sobretudo sobre amor.
Sob a metáfora de um castelo de cartas, amor, sofrimento, ciúme e alegria transfiguram o palco, figurando a vidas e os jogos de enganos e desenganos em que as pessoas se conhecem e dão a conhecer. Quando poderemos dizer que "agora é a sério"?

Nas várias opções que a cidade de Lisboa nos oferece, escolhi esta peça que tinha estreado dia 29 Abril, pelo elenco e pela história em si. Valeu a escolha. 
Tive uma tarde perfeita a anteceder o espectáculo em que eu própria me ouvi dizer a alguém, que talvez as escapadelas servissem para olharmos para os nossos relacionamentos com outros olhos e nos ajudassem a dar mais valor às pessoas que temos ao nosso lado. Se acredito nisso?! Não a 100%, mas aquele talvez fosse o caso! Conseguir compreender as razões da infidelidade não quer dizer que queira isso para mim, sendo traída ou traindo. 
Prefiro ver as situações como momentos... apenas e só, momentos em que ninguém quer roubar a felicidade alheia, apenas acrescentar algo. E sim, sou feita de outra matéria que não aquela que aceita bem que a pessoa ao meu lado se ande a divertir por aí com outras debaixo do meu nariz...
Acredito na monogamia e pratico-a quando estou num relacionamento, mas que esta peça nos demonstra bem a facilidade com que hoje em dia construímos relações à volta da própria relação, não há que esconder. Prefiro ser avestruz e enfiar a cabeça na terra, para não ver tão nitidamente essa realidade e o que mais me importa é que a pessoa ao meu lado me trate muito, muito bem!
Adorei ter a companhia do Mister, como sempre aliás, é um verdadeiro amigo, que merece ser feliz, sempre!
E eu, hoje, dia 30, compreendi que há coisas que poderiam durar a vida toda, mas que simplesmente o meu coração não merece ter tão pouco... sou amiga, sou mulher, sou Humana!

terça-feira, 27 de abril de 2010




"o mundo das paixões é o mundo do desequilíbrio, é contra ele que devemos esticar o arame das nossas cercas, e com as farpas de tantas fiadas tecer um crivo estreito, e sobre este crivo emaranhar uma sebe viva, cerrada e pujante, que divida e proteja a luz calma e clara da nossa casa, que cubra e esconda dos nossos olhos as trevas que ardem do outro lado; e nenhum entre nós há de transgredir esta divisa, nenhum entre nós há de estender sobre ela sequer a vista, nenhum entre nós há de cair jamais na fervura desta caldeira insana, onde uma química frívola tenta dissolver e recriar tempo; não se profana impunemente ao tempo a substância que só ele pode empregar nas transformações, não lança contra ele o desafio quem não receba de volta o golpe implacável do seu castigo; ai daquele que brinca com o fogo: terá as mãos cheias de cinza; ai daquele que se deixa arrastar pelo calor de tanta chama: terá a insônia como estigma; ai daquele que deita as costas nas achas desta lenha escusa: há de purgar todos os dias; ai daquele que cair e nessa queda se largar: há de arder em carne viva; ai daquele que queima a garganta com tanto grito: será escutado por seus gemidos; ai daquele que se antecipa no processo das mudanças: terá as mãos cheias de sangue; ai daquele, mais lascivo, que tudo quer ver e sentir de um modo intenso: terá as mãos cheias de gesso, ou pó de osso, de um banco frio, ou quem sabe sepulcral, mas sempre a negação de tanta intensidade e tantas cores: acaba por nada ver, de tanto que quer ver; acaba por nada sentir, de tanto que quer sentir; acaba só por expiar, de tanto que quer viver; cuidem-se os apaixonados..."  


Excerto do texto original de "lavoura arcaica" de Raduan Nassar

Dedicado ao meu amigo Mister, porque entenderá cada palavra escrita (e porque as reescrevi por ti) e ao meu doce B. que hoje me tocou esta música e me apaixonou...

sábado, 24 de abril de 2010

7:AM



"Quando os artistas começam,
é clara a luz que os guia.
Não soluçam, não tropeçam.
Nunca escurece o seu dia.
No mundo dos alquimistas, 
não cabe a desilusão.
Tudo são louros, conquistas, 
no nascer da criação.
Mas mal eles sabiam, 
mal eles sabiam...
que os corvos também piam sem ordens para piar.
Gatos pretos também miam sem que os mandem miar.
E as espinhas arrepiam com meras correntes de ar!"



Ir ao teatro pode ser algo habitual, mas ir ao teatro ver uma peça em que no cartaz surge o nosso nome, nem por isso, muito menos que refira que somos co-produtores da mesma. Na verdade esta ideia bastante original a meu ver, teve os seus frutos e começou com Norma em Dezembro, onde assinei um contracto! 
Uma brincadeira que se revela interessante e que serviu para juntar amigos, co-produtores ou não numa peça que tinha tudo para ser triste e dramática, mas que a mim me fez rir bastante, quer pelas caras do Frederico, pela seriedade e nojo do seu irmão, pela mãezinha que se aguentou deitada, quietinha e bem "aquecida" durante toda a peça, quer pela ratazana que canta e diz:
"Então velhinha, nós tinhamos um acordo, tu comias a maçazinha e eu ficava com o caroço, tu comias as bolachinhas e eu ficava com as migalhas... onde está a maça velhinha?! Busca!!"

Uma noite entre amigos, inclusive do Mister vindo da capital que passou pelo petiscar a seguir na "casa de Sto. António" onde estava tudo a terminar e uma passagem na "rua das Galerias" para "investigar" o ambiente! Ri muito, muito mesmo!

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Mergulhei na paixão...

Comporta


És como a brisa numa tarde quente de Verão, atenuas o insuportável e dás prazer, apenas por existires...
Foi um instante, sorriste e mergulhei na tua simpatia sem medo de me afogar, porque és doce como a água do rio.
Podia ter apenas vindo embora, podias ter sido apenas a doce lembrança de uma cidade distante, podia nunca ter descoberto como é lindo ver o rio desaguar no mar e nunca ter descoberto o teu sabor a mar... 
Hoje não estaria perdida, sem ti, mas com vontade de me perder contigo, aqui... a simples ideia de te tocar, de me falares ao ouvido com esse sotaque dengoso, de me fazeres promessas que nem sabes bem se queres cumprir e que nem eu sei se vou cumprir... 
Hoje não estaria aqui a imaginar uma realidade ilusória, um quadro apenas com esboços, ao qual vamos os dois dando cor... e quero fazer mais, a cada dia, até ao dia em que nos vamos sentar os dois em frente a ele e perceber se foi a obra das nossas vidas!
Por agora, basta-me saber isto:
Fazes-me bem!

segunda-feira, 19 de abril de 2010

domingo, 18 de abril de 2010

Diálogos actuais...



Serralves em Festa 2006

- Sabes o que é que eu mais gosto em ti, para além de todas aquelas coisas nices que fazes?
- Não!
- O teu sotaque italiano.
- Mas eu não tenho sotaque italiano!
- Pois não...
* diálogo retirado da Curta "Canção de Amor e Saúde", realizada por João Nicolau.


... que em muito demonstram a realidade de muitas relações. Procuramos o perfeito, o ideal... ele existe, mas apenas na nossa cabeça. O restante é adaptação às circunstâncias e às pessoas em si. A paixão existe e o amor também, mas nem eles conseguem ser sempre perfeitos, e aliás, nem teria piada se assim fosse. 


Eu não seria tão feliz, se não tivesse passado por algumas coisas más... não teria aprendido a dar valor a tudo de bom que tenho hoje em dia!

sábado, 10 de abril de 2010

Alguém olhará por mim

"Numa ficção dramática atravessada pela tragédia e pelo humor, pela solidão e pelo amor, Frank McGuinness confronta os “inimigos” exteriores e interiores das suas personagens, condenando‑as – numa espécie de actualização dos mais paradigmáticos Vladimir e Estragon de À Espera de Godot, de Samuel Beckett – a uma sucessão de jogos, de exercícios destinados a passar o tempo e a combater o desespero e as cruéis provações impostas pela sua condição de prisioneiros. São, contudo, estes momentos – em que as personagens escrevem cartas imaginárias, realizam filmes, recordam corridas de cavalos, conduzem um carro pelos ares, entoam canções ou jogam uma partida de ténis – que erguem o dispositivo metateatral à condição de mecanismo transformador da identidade: desafiando em paralelo os estereótipos nacionais e os estereótipos de género, o dramaturgo explora as possibilidades performativas da imaginação, o impulso natural para a ficcionalização, para desse modo justificar as transformações por que passam as personagens."
...
"“Someone to Watch Over Me”, de 1926, imortalizada em vozes tão distintas como as de Ella Fitzgerald ou Frank Sinatra – é a de que haverá sempre alguém a olhar por nós: trata‑se de uma ideia esperançosa e estimulante,
infelizmente contradita por alguns acontecimentos da própria peça, como a morte de Adam, mas também reforçada pela dinâmica gerada com a sua ausência."

Paulo Eduardo Carvalho excerto do Manual de Leitura da peça



O título desta peça é deveras sugestivo, afinal todos nós, mesmo os mais independentes como eu (me considero), desejamos ter alguém que olhe por nós.
A ideia base é que no final, ficamos com a noção, que temos nós mesmos de estar lá por nós, pois em muitas ocasiões estamos tão sós como os 3 personagens da peça. Eles só se têm a si, às suas histórias, às suas partilhas, para iludir o tempo que passa lá fora, fora da "prisão" onde se encontram!
É muito interessante perceber como a falta de distração nos leva a partilhar coisas tão íntimas, nos obriga a criar histórias para embelezar a realidade e afugentar o medo, torna 3 perfeitos estranhos e 2 aparentes rivais (inglês e o irlandês pela conjuntura política e religiosa) em quase cúmplices, porque no final somos todos seres humanos e naquele caso em semelhante situação.
Foi a peça mais intimista que vi, num espaço místico e com uma iluminação que nos faz sentir menos espectadores e quase tão prisioneiros como o irlandês, o inglês e o americano (a lembrar as anedotas "era uma vez um inglês, um irlandês e um americano numa cela..."), excepto na parte final em que nos levantamos, aplaudimos e saímos tão livres como antes... bem, livres fisicamente, mas não de pensamento.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

The Book of Eli


Este filme é para mim uma analogia de que na cegueira se pode ver bem mais e mais longe... 
Eli, interpretado por Denzel Washington (que eu gosto bastante), segue a sua missão após 30 anos rumo a Oeste, várias lutas, várias mortes necessárias, mantendo sempre consigo o seu bem mais precioso, the so called Book of Eli.
A destruição, a sujidade, quase que se conseguem cheirar aquelas cenas, quase que se sentem as setas entrarem na carne... 
Muitos culparam o tal livro como causa da desgraça, há um que o conhece (além de Eli) e que o considera a salvação... poucos são aqueles que ao pegar-lhe, conseguem lê-lo realmente e sobretudo estejam aptos a passar a mensagem nele presente.
Eli conseguiu reproduzi-lo com a sua memória e ele voltou a ser impresso para que todos os olhos o pudessem ler, ou pelo menos tentar...  The Holy Bible, era o livro favorito de alguém que conheci e admiro até hoje.
Um livro é a mais poderosa das armas, pode dar vida, faz pensar ou se é mal usado, pode matar muitas pessoas, a Humanidade... era isso que aconteceria se todo o mundo deixasse de acreditar que existe algo superior a nós, algo sagrado, que aqui estamos com uma missão e que o nosso Criador vê todos os nossos actos e nos iluminará com a sua infinita bondade.
Seja qual for a religião, o que precisamos é acreditar em algo, seja no livro, no que lá está escrito, em Deus, em Alá... em algo transcendente que nos supere e nos faça tentar sempre ir mais além. Mas o mais certo é que no final percebamos que o que mais precisavamos na realidade era acreditar em nós mesmos, e como Eli, lutar até a nossa missão estar cumprida, seja ela qual for.